O rover Perseverance detetou várias espécies de moléculas orgânicas aromáticas nas formações de Máaz e Séítah na cratera Jezero, em Marte. A descoberta sugere que um ciclo geoquímico mais complexo do que se pensava anteriormente pode ter existido no passado do Planeta Vermelho.
A existência de moléculas orgânicas em Marte, identificadas pelo robô Perseverance da NASA na cratera Jezero, está a ser investigada por uma equipa internacional de investigadores.
O estudo, coordenado pela astrobióloga Sunanda Sharma, do Laboratório de Propulsão a Jato da agência espacial norte-americana, foi apresentado num artigo publicado esta quarta-feira na revista científica Nature.
“Há três hipóteses principais para explicar a presença destas moléculas”, diz a astrobióloga, citada pelo Sci News.
A primeira sugere que elas não sejam biológicas e que tenham sido sintetizadas por processos geoquímicos que envolvem água.
A segunda propõe que sejam moléculas não biológicas trazidas do espaço por meteoritos e que ficaram presas dentro de sais.
A última hipótese considera a possibilidade de serem moléculas biológicas, que derivaram de formas de vida primitivas, como micro-organismos.
Esta não é a primeira vez que moléculas orgânicas foram encontradas em Marte. Em 2012, o robô Curiosity da NASA já tinha identificado um material semelhante.
No entanto, a concentração das moléculas agora descobertas numa zona geologicamente mais recente do planeta é superior.
Para Sunanda Sharma, esta descoberta é indicativa de que “a matéria orgânica esteve presente durante um período extenso de tempo, entre 2,3 e 2,6 mil milhões de anos, e resistiu às condições de superfície de Marte”.
A cientista acredita que estas moléculas também possam estar presentes na poeira marciana.
A descoberta permitem aprofundar o conhecimento sobre a história do planeta vermelho, e poderá dar importantes pistas sobre a existência de vida em Marte, embora ainda não haja uma resposta definitiva para esta questão.