Cientistas reconstruiram digitalmente o rosto daquele que terá sido um membro poderoso de um clã do século XV da Escócia, que terá morrido num violento conflito com um clã vizinho.
Corria o ano de 1957 quando arqueólogos descobriram um túmulo do século XV na Igreja de Saint Colman, na vila piscatória escocesa de Portmahomack, que, para além de dois esqueletos masculinos, continha ainda mais quatro crânios.
Agora, escreve o Live Science, especialistas forenses conseguiram um vislumbre de como um desses homens teria sido em vida, depois de reconstruirem o rosto altamente detalhado de um dos esqueletos.
Em declarações ao mesmo site, Cecily Spall, arqueóloga do Field Archaeology Specialists (FAS), explica que os dois esqueletos provavelmente seriam de chefes de um clã local, que terão morrido durante confrontos com um clã vizinho quando tinham entre 46 e 59 anos.
De acordo com um comunicado da FAS, o túmulo estava centralmente localizado no interior das ruínas da igreja perto da entrada, o que sugere a importância das pessoas ali enterradas.
Além disso, a igreja terá incendiado no final dos anos 1400, mais ou menos na mesma altura em que houve uma batalha entre os clãs Ross e MacKay (o conflito no qual estes dois homens podem ter perdido a vida).
Inicialmente, o túmulo continha apenas um esqueleto de um homem que sofrera terríveis ferimentos de espada no rosto. Aliás, um dos ferimentos foi tão grave que quase separou o queixo do resto da face. À volta da cabeça, estavam dispostos quatro crânios sem os maxilares inferiores, embora os investigadores não saibam ainda dizer se pertenciam a familiares, amigos ou até inimigos.
De acordo com os arqueólogos, o caixão foi aberto “talvez uma geração depois”, tendo sido colocado o corpo de outro homem no seu interior. “O crânio do primeiro homem foi movido para o pé do caixão para dar lugar à cabeça do segundo homem, que também foi cercada por outros crânios”, disse Spall.
Foi o rosto deste segundo homem que os cientistas decidiram reconstruir digitalmente. Segundo Ching Yiu Jessica Liu, uma das responsáveis da Face Lab — projeto da Escola de Arte e Design de Liverpool que ajudou nesta iniciativa — a equipa calculou primeiro a profundidade média dos tecidos moles faciais, a partir de conjuntos de dados de rostos europeus modernos. De seguida, os investigadores usaram texturas faciais de alta resolução para criar características individuais “baseadas na morfologia do crânio”.
De acordo com Spall, os cientistas vão nos próximos tempos fazer uma investigação mais aprofundada deste túmulo com seis crânios, que usará técnicas como datação por radiocarbono, análise de ADN e análise isotópica estável para descobrir mais pistas, “incluindo a data dos enterros, a datação dos outros crânios, possíveis conexões familiares e aparência física”.