Estas rochas misteriosas podem ser as primeiras evidências de vida na Terra

Hickman-Lewis et al., Geology, 2022

Os estromatólitos pertencem à formação rochosa Dresser, na Austrália Ocidental, e têm 3,48 mil milhões de anos.

Um novo estudo publicado na Geology pode ter descoberto as primeiras evidências de vida na Terra. Segundo os cientistas, a chave está em formações rochosas com 3,48 mil milhões de anos na Austrália Ocidental.

Há muito que se especulava que estas rochas eram estromatólitos – rochas biosedimentares laminadas e formadas por atividade microbiana em ambientes aquáticos. No entanto, a possibilidade de que a sua origem era apenas geológica continuava em cima da mesa.

Os estromatólitos tanto podem ser produzidos por camadas mineralizadas de micróbios como por reações químicas entre a rocha e o seu ambiente, sem qualquer intervenção de seres vivos.

Uma das tarefas dos paleontólogos é tentar decifrar qual destas origens é a verdadeira e essa tarefa nem sempre é fácil. Um exemplo disso foram os estromatólitos com 3,7 mil milhões de anos encontrados na Gronelândia, que inicialmente foram declarados como os fósseis mais antigos alguma vez encontrados, mas que mais tarde se soube que não passavam de rochas normais.

Atualmente, os vestígios de vida mais antigos até agora encontrados são os estromatólitos com 3,43 mil milhões de anos encontrados na formação rochosa de Strelley Pool, na Austrália Ocidental, explica o Science Alert.

No entanto, o novo estudo sugere que outros estromatólitos também localizados na Austrália Ocidental, na formação Dresser, também têm origem biológica e são ainda mais antigos, com 3,48 mil milhões de anos.

A equipa usou várias técnicas para examinar as microestruturas com duas e três dimensões, incluindo microscopia óptica, espectroscopia Raman, microscopia eletrónica de varredura, espectrometria de massa por plasma acoplado indutivamente com ablação a laser e tomografia computadorizada e de laboratório síncrotron.

Nenhuma das técnicas comprovou definitivamente a presença de materiais orgânicos ou microfósseis, mas mostraram estruturas e características consistentes com uma origem biológica.

A equipa acredita que os estromatólitos eram tapetes de micróbios fotossintéticos que viviam no fundo de uma lagoa marinha pouco profunda.

À medida que os sedimentos se acumularam nos tabetes, os micróbios puxaram para cima, afastando-se dos sedimentos e aproximando-se da luz solar, para formarem estruturas em forma de cúpula.

Estas cúpulas terão preservado a formação de fósseis. Os investigadores também observaram formações “paliçadas” semelhantes a pilares, consistentes com padrões de rocha conhecidos por erem sido criados pelo crescimento de micróbios.

Tendo em conta estas descobertas, os autores acreditam que estas rochas terão uma origem biológica. Esta revelação também tem implicações na procura de vida além da Terra, já que, a formação Dresser era uma lagoa rasa e teria um ambiente semelhantes ao da cratera Jezero, em Marte.

Portanto, é possível que a vida em Marte tenha surgido sob as mesmas circunstâncias. A identificação de vida fossilizada de idade e ambiente semelhantes aqui na Terra pode ajudar-nos na busca de fósseis deste tipo no planeta vermelho.

ZAP //

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