Trabalhar com robôs diminui acidentes. Mas aumenta o risco de abuso de drogas

Os funcionários norte-americanos que trabalham juntamente com robôs são menos propensos a ter acidentes de trabalho, mas têm uma maior probabilidade de desenvolver problemas mentais e de abusar de substâncias como drogas ou álcool, revelou um novo estudo.

“Existe um grande interesse em entender os efeitos dos robôs no mercado de trabalho e como estes afetam as funções e os salários dos trabalhadores, particularmente no setor manufatureiro”, disse Osea Giuntella, professor de Economia da Universidade de Pittsburgh (Estados Unidos), um dos autores do estudo.

Contudo, como o próprio indicou, ainda se sabe “muito pouco sobre os efeitos na saúde física e mental”. Juntamente com o investigador Luca Stella, da Universidade Livre de Berlim (Alemanha), resolveu analisar a forma como a robótica está a afetar a saúde dos funcionários, recorrendo aos dados compilados na OSHA Data Initiative.

Como mostrou o estudo, publicado recentemente na Labour Economics, as lesões causadas por acidentes de trabalho foram reduzidas a 1,2 casos por cada 100 trabalhadores quando o mercado de trabalho regional passou a contar com um aumento na exposição a robôs.

Por outro, no mesmo contexto, registou-se um aumento significativo nas mortes relacionadas ao abuso de álcool ou drogas – 37,8 casos por 100 mil pessoas – bem como um ligeiro acréscimo nos problemas de saúde mental e nas taxas de suicídio.

“Os robôs podem assumir algumas das tarefas mais cansativas, fisicamente intensivas, reduzindo o risco para os trabalhadores [humanos]”, indicou Giuntella. No entanto, “a competição com robôs pode aumentar a pressão sobre os funcionários, que podem perder os seus postos ou serem forçados” a ter novas formações, disse.

A equipa investigou igualmente se essas tendências eram observadas noutros países. De acordo com a análise, citada pelo Futurity, os trabalhadores alemães tiveram uma redução de 5% nas lesões, mas não houve uma mudança significativa na saúde mental quando expostos à robótica.

“A exposição a robôs não causou perdas de emprego disruptivas na Alemanha”. O país “tem uma legislação de proteção ao emprego muito mais alta”, referiu Rania Gihleb, professora de Economia da Universidade de Pittsburgh. “Em contextos onde os trabalhadores estavam menos protegidos, a competição com robôs estava associada a um aumento de problemas de saúde mental”, continuou.

Em 2021, Giuntella publicou um estudo no qual analisava os efeitos da robótica na estatura económica, no estado civil e na fertilidade masculina.

Taísa Pagno //

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