Com um “robô inseto”, descobriu-se que, afinal, o “voo assíncrono” – onde os músculos dos insetos batem as asas sem esperar por sinais cerebrais – evoluiu apenas uma vez. Além disso, o estudo sugeriu que a mudança entre os dois tipos de voo—síncrono e assíncrono—não é tão complexa como se pensava.
Um estudo publicado esta quarta-feira, na Nature, revelou segredos sobre a história evolutiva dos padrões de voo dos insetos – mais especificamente sobre o voo “assíncrono” que permite que alguns insetos, como os mosquitos, batam as asas a velocidades excecionalmente elevadas.
Investigadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia, liderados por Simon Sponberg, descobriram que, ao contrário da maioria dos insetos, cujos sinais cerebrais estão sincronizados com o bater das asas, os músculos dos mosquitos continuam a contrair-se e a relaxar em ciclos rápidos sem esperar por outro impulso do cérebro.
Esta descoberta foi facilitada pela construção de um “robô inseto”, capaz de imitar os movimentos de asa de alta velocidade e assíncronos.
O estudo desafia as suposições anteriores de que diferentes grupos de insetos evoluíram, independentemente a capacidade de voar de forma assíncrona.
Usando robô em miniatura a bater asas e simulações computacionais, os investigadores desafiaram a ideia, previamente aceite, de que várias linhas de insetos desenvolveram este mecanismo de voo de forma independente. Mas, afinal, não.
Os resultados indicaram que em 87% dos cenários possíveis, essa característica provavelmente evoluiu apenas uma vez.
Além disso, a equipa descobriu que alguns insetos que parecem incapazes de voo assíncrono – como a traça-do-fumo – têm capacidade para realizar o voo assíncrono, embora não o utilizem. Em vez disso, usam músculos que permitem o rápido bater de asas.
Os músculos da traça-do-fumo, por exemplo, adaptaram-se para priorizar impulsos provenientes do cérebro em detrimento de contrações automáticas.
O estudo sugere ainda que a mudança entre os dois tipos de voo—síncrono e assíncrono—não é tão complexa como se julgava.
Citado pela New Scientist, Douglas Syme, da Universidade de Calgary no Canadá, compara essa permutação ao ajuste do motor de uma carrinha para que fique a funcionar como o de um Ferrari – uma modificação que, embora intrincada, é possível, devido às semelhanças subjacentes entre os dois sistemas.