ZAP / V.A. / Lusa; Wikipedia

De Viana do Castelo até Santarém, só vemos laranja. De Portalegre para baixo só vemos Chega – com exceção para Évora. O país mudou.
No ano passado, André Ventura cantava vitória depois das eleições legislativas, dizendo que o Chega tinha conseguido acabar com um Portugal bipartidário. Não era verdade.
Um ano depois, Ventura disse a mesma coisa – mas desta vez é verdade: AD venceu na maioria dos círculos eleitorais de Portugal, mas o segundo partido com mais círculos eleitorais não foi o PS. Foi o Chega.
E aqui há uma divisão clara: a norte do rio Tejo a AD ganhou em todos os distritos. A sul, o Chega ganhou em quase todos (Portalegre, Setúbal, Beja e Faro). Só Évora foi conquistada pelo PS.
No global, o Chega foi o partido mais votado nos cinco círculos eleitorais a sul do rio Tejo, com um total de 266.484 votos, nas legislativas de domingo.
No sul do país, o PS foi o segundo mais votado, com 229.249 boletins, seguido da AD com 214.469.
No maior destes círculos, Setúbal, o Chega obteve a sua maior vitória em números absolutos, com 129.569 votos, seguido do PS e da AD. Em comparação com 2024, o PS perdeu 34.487 votos e dois deputados, com o Chega a ganhar mais três eleitos e a passar de segunda para primeira força. A AD manteve-se como terceira força e subiu um deputado, o PCP-PEV manteve um eleito, o mesmo sucedendo com o Livre (que passou de 7.º para 5.º lugar) e com a IL. O BE perdeu o seu deputado, perdendo 40 por cento do seu eleitorado.
Em Évora, o PS manteve o primeiro lugar, mas desceu 5.693 votos (27,81%), com o Chega a crescer quase esse valor, passando a ser a segunda força mais votada. O número de deputados eleitos manteve-se igual, com um para cada um dos três principais partidos.
Tal como em 2024, Portalegre foi o único distrito do país onde a AD não elege um deputado, mas aqui a novidade é a vitória do Chega, com mais 2.200 votos (39,9%), face ao ano anterior. O PS perdeu o distrito e mais de quatro mil votos, com a AD a ficar em terceiro lugar, a apenas 667 votos de eleger um deputado, por troca com o PS.
Em Beja, o Chega obteve uma vitória com mais quase mil votos que o PS (27,73%), mas o número de deputados manteve-se dividido pelos três principais partidos, com a AD em terceiro lugar. Em comparação com 2024, o Chega subiu quatro mil votos, mais ou menos o mesmo número que o PS perdeu.
Em Faro, em 2024, o Chega ganhou o círculo eleitoral, mas os nove deputados foram divididos de forma igual pelos três principais partidos, um resultado que não se verificou agora. Aqui, o Chega aumentou quase 14 mil votos, com o PS a perder o mesmo valor. Na proporção de eleitos, o Chega elegeu quatro deputados, contra três da AD e dois do PS. Foi no distrito de Faro que o Chega obteve o melhor resultado nacional, com (33,9%), acima da AD no plano nacional.
Há comentadores que alegam que é um “Portugal esquecido” que prefere o Chega. Portugueses que se consideram marginalizados pelos sucessivos Governos, que estão há anos ou décadas de novas infraestruturas, de novos transportes, de mais investimentos.
Mesmo em alguns concelhos dentro dos maiores distritos – basta olhar para os arredores de Lisboa, onde Azambuja, Sintra e Vila Franca de Xira foram concelhos ganhos pelo Chega.
As zonas de França onde o partido comunista francês foi forte em tempos agora votam Frente Nacional.
O mesmo fenómeno está a ocorrer em Portugal. E pelas mesmas razões (imigração descontrolada).