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Em busca dos militantes perdidos. Rio e Montenegro vão ao último combate

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Tiago Petinga / Lusa

Rui Rio

Rui Rio venceu no sábado a primeira volta das eleições diretas do Partido Social Democrata (PSD), ficando muito perto de chegar à maioria absoluta, com mais de 49,44% dos votos. No próximo sábado, terá que ir à segunda volta com Luís Montenegro, algo inédito para o partido.

“Pelas regras antigas isto estava arrumadíssimo. Mas comigo nada é fácil”, discursou Rui Rio depois da divulgação dos resultados. “O Miguel Pinto Luz [que teve 9,28% dos votos] obrigou-me a ir à segunda volta, o que é uma maçada, mas eu perdoo-lhe isso”, disse, em tom de brincadeira, citado pela SIC Notícias.

Rui Rio venceu em 12 das 19 distritais do continente (Aveiro, Beja, Bragança, Braga, Évora, Faro, Guarda, Portalegre, Porto, Santarém, Viana do Castelo, Vila Real) e também nos Açores.

Ao Diário de Notícias, uma fonte da candidatura de Rui Rio disse que a direção teve “algumas surpresas nalguns distritos”. Surpresas “boas” em distritos como Santarém, Leiria e Viseu. “Nestes distritos esperávamos perder por muitos e isso não aconteceu”, sublinhou a mesma fonte. Contudo, em Viana do Castelo e Vila Real o recandidato à liderança esperava resultados que não teve.

Mas o líder do PSD acredita que a dinâmica do mais forte vai falar mais alto, sublinhou a SIC Notícias. “Acho que a unidade faz-se muito mais rapidamente em torno do mais forte do que do mais fraco, que teve muitos menos votos”, afirmou, acrescentando que, “matematicamente, bastava até que alguns [militantes] do Miguel Pinto Luz não votarem que, automaticamente, o denominador altera-se e a percentagem altera-se a meu favor”.

Ao Público, o primeiro vice-presidente do PSD, David Justino, indicou que a direção de Rio não vai “trabalhar para os mínimos” mas sim “para os máximos”, acreditando que há condições para conseguir mobilizar uma parte dos militantes com quotas pagas e que se abstiveram nestas eleições.

Miguel A. Lopes / Lusa

Rui Rio com Fernando Negrão e David Justino

“Uma parte desse universo pode cair para a candidatura de Rui Rio”, acrescentou David Justino, que não afasta que uma parte dos apoiantes de Miguel Pinto Luz possa apoiar o líder do partido.

Num apelo aos militantes, pediu para não desmobilizarem. “O discurso de Rui Rio acalenta a esperança”, apontou. “Temos de trabalhar, não vamos ficar pendurados à espera que as coisas aconteçam. Desta vez, as opções são mais claras e perante uma bipolarização é provável que as pessoas que não votaram agora possam votar no sábado”, disse ainda.

Para Luís Montenegro, candidato à liderança do partido que conquistou 41,26% dos votos, foram “mais os militantes que votaram na mudança do que os militantes que votaram na continuidade”, continuou a SIC Notícias.

“Esta semana de campanha que agora se inicia servirá para que os militantes do PSD escolham entre a estratégia de oposição firme que defendo ou o prosseguimento da estratégia de subalternidade que tivemos com a atual liderança até agora”, afirmou no sábado à noite, numa declaração em que não respondeu a perguntas dos jornalistas.

Como frisou a SIC Notícias, para ganhar, Montenegro precisa de todos os votos dos militantes que não votaram no sábado e dos que votaram em Miguel Pinto Luz. “Se for eleito líder do PSD, contarei com ele [Miguel Pinto Luz] para os desafios políticos e partidários que teremos que enfrentar”, declarou.

Miguel Pinto Luz, por sua vez, declarou: “Penso que hoje podemos dizer com propriedade que surpreendemos todos, mesmo aqueles que tentaram a todo o caso uma bipolarização nestas eleições”. O candidato, que ficou em terceiro, já assegurou que não irá manifestar apoio público a nenhum dos outros dois candidatos.

Ideia de que Rio está mais perto de vencer é “falsa”

Montenegro considerou no domingo ser “falsa a ideia” de que Rio está mais perto de vencer as eleições diretas, defendendo que a segunda volta parte “do zero”. Num vídeo publicado no Twitter, o antigo líder parlamentar repetiu a ideia de que, na primeira volta de sábado, o PSD “votou mais pela mudança e menos pela continuidade”.

“Vamos agora para uma segunda volta. É falsa a ideia de que faltam 300, 400 ou 500 votos a um dos candidatos para sair vencedor”, refere no vídeo, citado pela agência Lusa. Segundo o próprio, uma segunda volta significa que os candidatos partem “do zero e sairá vencedor aquele candidato que obtiver metade dos votos mais um”.

“Eu estou muito confiante e muito determinado em ser esse candidato vencedor”, afirmou.

Montenegro faz também questão de cumprimentar não só os cerca de 31 mil militantes que participaram na votação, mas também os nove mil que, tendo as quotas em dia, “por alguma razão não participaram no ato eleitoral”.

“Nós temos na continuidade o conformismo e o divisionismo. O conformismo com as derrotas eleitorais, como aconteceu nas últimas legislativas e nas últimas europeias, e o divisionismo que temos vindo a ver e a assistir nas palavras do candidato Rui Rio e que ainda ontem foram reeditadas na sua declaração”, defendeu, contrapondo que a sua candidatura representa “a oportunidade de mudar”.

Vitória na 1.ª volta dá dinâmica e confiança à candidatura

De acordo com o Público, dirigentes e apoiantes de Rio consideram que a vitória alcançada na primeira volta imprimiu uma dinâmica e confiança à candidatura. “Rui Rio conseguiu transmitir aos militantes uma confiança sem euforias ao mesmo tempo que os convocou a seguirem em frente porque vai correr tudo bem”, indicou um apoiante.

Para o deputado e presidente da distrital do PSD-Porto, Alberto Machado, o resultado na primeira volta das diretas do partido é um “sinal claro” da vontade dos militantes, que “disseram que querem continuar a ter Rui Rio como líder do partido”.

Afirmando que os “grandes vencedores” das eleições são os militantes, confessou que chegou a acreditar que a vitória à primeira volta estava ao alcance de Rio. “O voto do militante de base definiu o futuro do partido”, referiu.

“Foi uma vitória muito significativa porque o presidente do PSD ganhou em distritos onde esperávamos que não ganhasse e nos distritos onde perdeu, perdeu por pouco. Este resultado teve a ver com o voto livre dos militantes que expressaram a sua vontade”, reiterou o deputado.

Já o porta-voz do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD para a área da Solidariedade e Sociedade de Bem-Estar, António Tavares, elogiou o líder e aconselha-o a “falar para os militantes” nos próximos dias.

“Depois de tudo o que foi dito sobre Rui Rio e da sua falta de capacidade para ser alternativa ao PS, os militantes de uma forma muito significativa deram-lhe uma votação expressiva. A lição que devemos tirar daqui é que os militantes exprimiram de forma clara que gostavam de continuar com Rui Rio na liderança do PSD”, frisou.

ppdpsd / Flickr

Luís Montenegro, candidato à liderança do PSD

A esperança na “mudança”

O braço direito de Montenegro, Hugo Soares, afirmou ao Diário de Notícias que é provável que quem apostou “na mudança” e em Miguel Pinto Luz continue a querê-la e transfira o seu voto para o candidato alternativo a Rio. Admitindo que entre os apoiantes de Pinto Luz algum decida votar no atual presidente, advertiu: “Depois do discurso que fez ontem também é provável que haja alguns dos seus apoiantes que já não queiram votar nele”.

Hugo Soares considera que foi “uma desilusão” Montenegro não ter vencido, mas, nesta semana, o candidato estará completamente focado na mobilização dos militantes. “Vamos fazer esse trabalho de mobilização e levar a mensagem às bases, de resto não há muito mais que seja possível fazer”.

A mobilização nas distritais

Numa análise dos dados disponibilizados no site do PSD, Rio teve as maiores vitórias percentuais em Vila Real (63,9%), Viana do Castelo (61%) e Guarda (59,9%). No entanto, em número de votos, a grande vitória foi no Porto, onde conseguiu 3592 votos (59,6% do total no distrito), vencendo com 1456 votos de vantagem em relação a Montenegro.

Já o antigo líder parlamentar social-democrata teve os melhores resultados percentuais em Leiria (58,6%, com uma vantagem de 276 votos para Rio), Lisboa Área Oeste (57,8%) e Castelo Branco (57,2%). Em Braga conquistou a vitória mais expressiva em votos.

Na Área Metropolitana de Lisboa, a vitória pertenceu ao antigo líder da distrital, Pinto Luz, com 37,7% dos votos, e o segundo lugar para Montenegro (33% e 1288 votos), mas com apenas 150 votos de vantagem em relação a Rio, que ficou em terceiro na capital.

A outra distrital em que Rio ficou em terceiro foi Setúbal, onde Pinto Luz também venceu, mas a diferença de votos entre os candidatos foi da ordem das dezenas.

ZAP //

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2 Comments

  1. Se o sr. Rio vencer estas eleições para a liderança do partido e expulsar de vez os neoliberais e o clericalismo, e toda a corja da laia de Aníbal Silva, Pedro Lopes, José Barroso, e Pedro Coelho, terá o total apoio dos cidadãos Portugueses.

    Se sair vencedor desta jornada eleitoral, o sr. Rio terá a oportunidade de reconstruir o Partido Social Democrata (PSD) de Emídio Guerreiro, Mário Cal Brandão, e Francisco Sá Carneiro, tornando-o novamente democrático, republicano, laico, e social-democrata.

    Caso tenha coragem para o fazer, uma vez mais, terá todo o apoio dos cidadãos Portugueses.

  2. Coragem ele tem com certeza, duvido é que com a quantidade de analfabetismo que circula por aí, tenha o apoio dos cidadãos portugueses.
    Os Cavacos, os Santanas , os Passos entre outros, manipulam muita demagogia e desinformação.
    Espero que vença, e poderemos ter uma alteração radical na conjuntura política portuguesa, logo que o país mostre necessidade de mudança, que sejamos honestos, no meu entender ainda não se justificou.

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