Vivem-se momentos de alta tensão em Moçambique, com protestos a espalharem-se pelas ruas contra a alegada “fraude” nas eleições de Outubro, que elegeram Daniel Chapo como Presidente da República.
A polícia dispersou, nesta quinta-feira, centenas de pessoas com gás lacrimogéneo quando tentavam sair do bairro de Maxaquene, nos arredores de Maputo, em direcção ao centro da capital moçambicana para se manifestarem.
A primeira carga policial levou à dispersão dos manifestantes, mas pouco depois, estes voltaram a juntar-se e ripostaram com pedras e garrafas na direcção da polícia.
Nas principais ruas de Maputo e nos bairros suburbanos, sente-se uma forte presença da polícia e de militares, com viaturas blindadas e elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR).
Há também fortes condicionalismos no acesso à Internet, nomeadamente às redes sociais.
Mas na rede social X é possível encontrar vários vídeos dos protestos, mostrando, nomeadamente, a polícia a disparar o que serão balas de borracha contra os manifestantes.
How is this even legal? How is this okay? This is the reality of the protests today in Maputo, Mozambique #MozambiqueElections #FreeMozambique #RiggedElections pic.twitter.com/W8bb5qeyFP
— A🧚🏽♀️ (@liliimone) November 7, 2024
Espírito de “revolução” nas ruas
Nas ruas, sente-se o que alguns dizem ser um espírito de “revolução” que nasceu a 24 de Outubro, depois do anúncio da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, dando a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
A Frelimo está no poder desde 1975.
Na eleição para Presidente da República, Daniel Chapo venceu com 70,67% dos votos, segundo a CNE.
Contudo, os resultados são contestados pelo segundo candidato mais votado, Venâncio Mondlane, que somou 20,32% dos votos.
Mondlane não reconhece os resultados que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
#MozambiqueElections #MozambiqueProtests #FreeMozambique #Mozambique https://t.co/WM9KC0jIXG
— Mena (@menamairosse) November 7, 2024
Teme-se “um banho de sangue”
Após protestos nas ruas que paralisaram o país, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias que ocorre desde 31 de Outubro. Há uma concentração planeada para esta quinta-feira em Maputo.
A Ordem dos Advogados de Moçambique alertou que “existem todos os condimentos” para que haja “um banho de sangue“. Por isso, apela a “um diálogo genuíno” para que isso não aconteça.
Nesta quinta-feira, cumpre-se o oitavo dia de paralisação e de manifestações em todo o país, com a generalidade a levar à intervenção da polícia.
Proud of Mozambique! #FreeMozambique #RutoMustGo !!! https://t.co/dDkdpsYgfd
— Sharleen Tinah (@KayleeSharlynn) November 7, 2024
Os manifestantes cortam avenidas, atiram pedras e incendeiam equipamentos públicos e privados. E haverá muitos que se estão a deslocar para Maputo, onde se espera uma concentração geral de protesto.
📍Maputo Mozambique
The revolution is on as large protestors are seen marching towards the capital.#MozambiqueElections pic.twitter.com/ooqJkDHi37— Kamoga munawa (@KamogaMunawa) November 7, 2024
Vários detidos após pilhagens
Na capital de Moçambique, veem-se grandes colunas de fumo, sobretudo devido a pneus a arder em várias ruas, e ouvem-se constantemente disparos de balas reais e explosões de granadas.
Entretanto, já foram detidas várias pessoas durante as manifestações no centro de Maputo, na sequência de pilhagens a lojas num centro comercial.
Segundo um segurança do centro comercial localizado na Avenida Acordos de Lusaka, “mais de 100 invadiram e vandalizaram duas lojas”.
A polícia tentou depois recuperar material roubado, como televisores, telemóveis ou frigoríficos.
ZAP // Lusa