Os cientistas conhecem o corpo de Golgi há mais de 100 anos, mas só agora descobriram o seu papel fundamental no envelhecimento.
Numa análise em que tentavam compreender que partes das células vegetais controlam as respostas das plantas ao stress provocado por infeções, demasiado sal ou pouca luz, os cientistas aperceberam-se de que este organelo específico e uma proteína responsável pela sua manutenção controlam se as plantas sobrevivem ao serem deixadas demasiadas vezes no escuro.
“Para nós, esta descoberta é muito importante. Definimos, pela primeira vez, a importância de um organelo na célula que não estava anteriormente implicado no processo de envelhecimento“, explicou Katie Dehesh, professora de bioquímica molecular na UC Riverside, citada pelo SciTechDaily.
O Aparelho de Golgi, composto por uma série de sacos cobertos por membranas em forma de taça, separa as várias moléculas na célula e assegura que estas chegam aos sítios certos.
Podemos compará-lo a uma espécie de correio da célula, em que a proteína COG é o funcionário. Esta proteína controla e coordena o movimento de pequenos sacos “envelopes” que transportam outras moléculas à volta da célula e ajuda os corpos de Golgi a ligar açúcares a outras proteínas ou lípidos antes de estes serem enviados para outro local da célula.
Para saber de que forma a COG afeta as células vegetais, a equipa modificou algumas plantas para que não a conseguissem produzir.
Em condições normais de crescimento, as plantas modificadas cresceram muito bem e não se distinguiram das plantas não modificadas.
No entanto, privar as plantas de luz significa que as plantas são incapazes de produzir açúcar a partir da luz solar para alimentar o crescimento. Quando expostas a uma escuridão excessiva, as folhas das plantas mutantes, sem COG, começaram a ficar amarelas, enrugadas e finas – sinais de que as plantas estavam a morrer.
Após os investigadores inverterem a mutação e devolverem a proteína COG às plantas, estas voltaram rapidamente à vida.
Parte do entusiasmo em torno desta descoberta reside no facto de os seres humanos, as plantas e todos os organismos eucarióticos terem corpos de Golgi nas suas células. Agora, as plantas podem servir de plataforma para explorar os meandros do seu papel no envelhecimento humano.
O artigo científico com as mais recentes descobertas foi publicado na Nature Plants.