Um novo estudo confirma que Antonio Stradivari e outros fabricantes de violinos trataram os instrumentos com substâncias químicas responsáveis pelo seu som único (e várias foram identificadas pela primeira vez).
Joseph Nagyvary, professor emérito de Bioquímica da Universidade Texas A&M, foi a primeira pessoa a propor que os produtos químicos usados no fabrico dos violinos, e não tanto a habilidade de fazer o instrumento, foram a razão pela qual Antonio Stradivari e outros, como Guarneri del Gesu, fizeram instrumentos com um som único.
Agora, uma equipa de cientistas liderada por Hwan-Ching Tai, professor de Química na Universidade Nacional de Taiwan, corroborou essa teoria, mostrando que foram usados bórax, zinco, cobre e alúmen, juntamente com água de cal, para tratar a madeira usada nos violinos.
“O bórax tem uma longa história como conservante, que remonta aos antigos Egípcios, que o usavam na mumificação e, mais tarde, como inseticida”, disse Nagyvary, num comunicado da universidade norte-americana.
“A presença destes produtos químicos aponta para uma colaboração entre os fabricantes de violinos e as farmácias locais e os farmacêuticos daquela época. Tanto Stradivari como Guarneri gostariam de tratar os seus violinos para evitar que os vermes comessem a madeira, porque as infestações eram muito comuns naquela altura”, acrescentou.
O professor emérito considera ainda que, provavelmente, cada fabricante usava os seus próprios métodos caseiros para tratar a madeira.
“Este novo estudo revela que Stradivari e Guarneri tinham os seus próprios métodos de processamento da madeira, ao qual deveriam ter dado uma importância considerável”, disse.
“Poderiam ter percebido que os sais especiais que usavam para impregnar a madeira também lhe conferia alguma resistência mecânica benéfica e vantagens acústicas. Esses métodos foram mantidos em segredo. Não havia patentes naqueles tempos. Como a madeira era manipulada com químicos, era impossível perceber isso só olhando para o produto acabado”, detalhou.
Nagyvary acrescentou ainda que esta equipa de cientistas descobriu que os químicos usados foram encontrados por toda parte da madeira, assim como dentro, e não apenas na sua superfície, o que afetou diretamente a qualidade do som dos instrumentos.
O novo estudo foi publicado, em junho, na revista científica Angewandte Chemie.