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Restos de uma antiga supernova encontrados no fundo do Pacífico

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U. Texas / CXC / NASA

As observações do remanescente da supernova G299.2-2.9 pelo Chandra revelam informações importantes sobre este objeto.

Observações do remanescente da supernova G299.2-2.9 pelo Chandra

Uma equipa de investigadores da Universidade Técnica de Munique encontrou indícios de ferro de uma supernova em núcleos de sedimentos extraídos do fundo do Oceano Pacífico.

A descoberta foi feita por uma equipa de investigadores alemães e austríacos, liderada pelo físico Peter Ludwig, quando analisava a composição do fundo do oceano para estudar bactérias magnetotacticas.

Estes microorganismos, capazes de se orientar e movimentar ao longo de linhas geomagnéticas, absorvem metais como o ferro, e abrem portas ao estudo dos misteriosos campos magnéticos da Terra.

Surpreendentemente, os cientistas descobriram que várias das amostras que recolheram do fundo do Oceano Pacífico continham 60Fe, o isótopo ferro-60 — uma forma de ferro que não é comum encontrar na Terra.

Num artigo publicado no início do mês na Proceedings of the National Academy of Sciences, a equipa de investigadores descreve a forma como analisou as amostras do fundo do oceano, e explica porque acredita terem origem numa supernova.

Algumas das amostras continham apenas alguns átomos de 60Fe, mas outras tinham inúmeros agrupamentos de moléculas.

(dr) Universidade Técnica de Munique

Amostras do isótopo ferro-60 encontrado nos restos fossilizados de bactérias magnetotaticas

Amostras do isótopo ferro-60 encontrado nos restos fossilizados de bactérias magnetotaticas

Segundo os cientistas, a presença de ferro-60 implica que algum evento cósmico violento – como a explosão de uma supernova ou o impacto de um meteoro – depositou o metal raro na nossa vizinhança.

“O 60Fe é extremamente raro no nosso planeta, e tem uma vida média de cerca de dois milhões e meio de anos, pelo que o 60Fe que pudesse estar presente na altura da formação da Terra já desapareceu.

O ferro trazido para a Terra por meteoros é normalmente encontrado em magnetites ou silicatos, que não se encontravam presentes nas amostras de 60Fe absorvido pelas bactérias magnetotacticas.

Tal parece indicar com clareza que “o 60Fe encontrado no fundo do Pacífico é mesmo proveniente da explosão de uma supernova próxima, provavelmente há cerca de um milhão de anos atrás”, explicam os investigadores numa nota de imprensa da Universidade Técnica de Munique.

“Não há na Terra nenhum mecanismo natural de produção deste radioisótopo, pelo que encontrar 60Fe em depósitos terrestres é uma prova directa de deposição de material de uma supernova no nosso sistema solar”, explicam os investigadores.

Seremos um dia capazes de chegar às estrelas? Talvez, mas entretanto, parece que as estrelas vão chegando até nós.

AJB, ZAP

2 Comments

  1. Na realidade, tudo o que é mais pesado que o ferro foi sintetizado em supernovas!!
    E tudo o que aqui temos mais pesado que o hélio foi fabricado em estrelas.

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