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Responsável da empresa que faz manutenção dos Kamov suspeito de falsear habilitações

Pedro Aragão / Wikimedia

Helicóptero Kamov Ka-32A-11BC da frota da Protecção Civil, baseado em Faro

Helicóptero Kamov Ka-32A-11BC da frota da Protecção Civil, baseado em Faro

Uma denúncia à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) alega que o administrador da empresa que faz a manutenção dos helicópteros pesados do Estado poderá ter conseguido uma licença de manutenção em aeronaves com habilitações inválidas.

A denúncia, revelada esta segunda-feira pelo Público, foi feita há pouco mais de três semanas pela empresa concorrente Heliportugal, responsável pela venda dos Kamov ao Estado e que até dois meses atrás assegurava a manutenção dos seis helicópteros pesados.

O administrador da Heliavionicslab, Oleksandr Shyyenko, e outros seis técnicos da empresa obtiveram a chamada licença de manutenção Parte 66, para manutenção de aeronaves para o espaço comunitário europeu, por terem uma certificação obtida na escola checa Strední škola Letecká, através da realização de módulos de formação este ano e no ano passado.

No entanto, o diretor dessa escola assinou uma declaração, a que o Público teve acesso, em que afirma que os certificados desses sete técnicos “não são válidos já que houve alguma falta de clareza nos cursos de formação base” lecionados na escola. Na semana passada, Hynek Hornacek também prestou declarações à ANAC, em Lisboa, confirmando o que tinha declarado por escrito e clarificando todos os aspetos associados à denúncia.

A Heliavionicslab tinha detetado perto de 200 não conformidades nos helicópteros Kamov de combate às chamas quando foi subcontratada para fazer a manutenção desses helicópteros pela Everjets, a empresa ganhou o concurso de operação e manutenção dos helicópteros pesados do Estado durante os próximos quatro anos – tarefa que antes cabia à Heliportugal, autora da danúncia.

Contactada pelo Público, a ANAC confirma a receção da denúncia e adianta que “ainda está em contacto com estas autoridades, responsáveis pela emissão dessas licenças, pelo que não há, ainda, conclusões definitivas quanto aos fatos denunciados”.

A entidade sublinha que a investigação não deverá ter impacto no funcionamento dos helicópteros Kamov, visto que “os técnicos que asseguram a manutenção, em concreto, e que têm responsabilidades de certificação dessa manutenção, não estão em causa no âmbito desta denúncia”, exceto um, mas cuja licença é mais antiga do que o caso denunciado.

ZAP

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