Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que nove em cada dez pessoas respiram ar poluído e que sete milhões morrem a cada ano devido a esse risco. A poluição do ar é um problema crescente em todo o mundo e foi o foco do Dia Mundial do Meio Ambiente, assinalado na quarta-feira.
Segundo um artigo do Vox, o ar da Índia é um dos piores do mundo. Tendo em consideração para o ‘ranking’ mundial para a poluição de partículas, 11 das 12 cidades com os níveis mais elevados encontram-se no país.
Os compostos de ozónio, enxofre e nitrogénio, bem como as partículas finas, podem desencadear problemas respiratórios e cardíacos, exacerbar doenças e, assim, diminuir os anos de vida. Um estudo de 2015 mostrou que a poluição do ar na Índia reduziu em 3,2 anos a expetativa média de vida de 660 milhões de pessoas.
Em 2018, o Energy Policy Institute, da Universidade de Chicago, criou uma ferramenta interativa – Air Quality Life Index – que calcula quantos anos de vida as pessoas que vivem em determinada zona poderiam ganhar se a qualidade do ar melhorasse para atender às diretrizes da OMS. A organização mundial considera que o limite seguro são 10 microgramas de partículas finas por metro cúbico, em média, por ano.
Não é surpreendente, portanto, que lugares com o ar mais sujo tenham mais a ganhar. Em média, a Índia aumentaria 4,3 anos na expetativa de vida, enquanto a China veria um aumento de 2,9 anos.
A maior parte dos estados dos Estados Unidos têm uma média de poluição atmosférica por partículas abaixo do limiar de segurança da OMS. Isso indica que “não há muito espaço para o país melhorar quanto à expetativa média de vida”, refere o artigo do Vox.
O que a ferramenta salienta é a relação direta entre a poluição do ar e a saúde. O ar poluído custa anos de vida, embora limpá-lo custe enormes dividendos para milhões de pessoas. Se os atuais níveis de poluição do ar persistirem, a população global perderá 12,8 mil milhões de anos de vida. Isso custaria uma média de 1,8 anos de vida por pessoa.
Em comparação, fumar reduz em 1,6 anos a expetativa média de vida global. O mau saneamento reduz em sete meses. Os conflitos e o terrorismo em 22 dias.
Algumas das partículas que poluem o ar provêm de fontes como incêndios florestais, o que as torna difíceis de eliminar. Mas, como indica o Vox, outras fontes – veículos, usinas elétricas e agricultura -, podem cortar as partículas eletrizantes através de depuradores ou de táticas de mitigação de poeira.
Uma limitação da ferramenta é que as medições de poluição no índice são baseadas em médias anuais. Isso destaca as regiões mais consistentemente poluídas, mas obscurece os picos de poluição sazonais ou de curto prazo.
Mas as partículas finas são apenas um tipo de poluição. Diferentes partes do mundo experimentam uma mistura diversa de perigos. Uma baixa poluição por partículas em determinada área ainda pode significar níveis altos de ozónio, de compostos orgânicos voláteis ou de óxidos de nitrogénio.
“Então, quando alguém se vangloria do ar limpo nos Estados Unidos, usando medições anuais de partículas, saiba que isso não conta toda a história”, conclui o artigo do Vox.