A República Centro-Africana lançou no domingo a primeira criptomoeda do país, depois de se tornar, em abril, na segunda nação do mundo e primeira africana a adotar a bitcoin como moeda oficial, ao lado do franco CFA.
“É um momento histórico, o sonho de um Presidente para a reconstrução da República Centro-Africana. A criptomoeda é revolucionária. Democratizará a democracia”, disse no dia do lançamento o Presidente do país, Faustin Archange Touadéra, numa apresentação virtual.
Touadéra quer que a nova moeda digital, batizada de “sango”, valorize os recursos naturais nacionais, escreveu a agência de notícias Efe.
A 07 de setembro de 2021, El Salvador tornou-se no primeiro país do mundo a adotar a bitcoin como moeda oficial, juntamente com o dólar norte-americano. O Fundo Monetário Internacional (FMI) instou o país, liderado por Nayib Bukele, a “eliminar a qualidade do curso legal” da bitcoin, manifestando, mais tarde, preocupação também com a decisão tomada pelo executivo da República Centro-Africana.
O país africano, com uma economia dependente da mineração, tem sido palco de violência desde finais de 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes de maioria muçulmana – Séléka – tomou a capital Bangui e derrubou o Presidente, François Bozizé, após dez anos no poder (2003-2013), desencadeando uma guerra civil.
Como resistência contra a Séléka formaram-se milícias cristãs anti-Balaka, que, tal como o primeiro grupo, acabaram por se dividir em várias fações armadas.
Pouco antes das eleições presidenciais de 27 de dezembro de 2020 – que a oposição pediu que fossem anuladas após mais de 40% das mesas de voto não estarem disponíveis devido à insegurança – grupos armados uniram-se para formar a coligação dos patriotas para a mudança (CPC), que tentou tomar a capital, em janeiro de 2021.
Em outubro do mesmo ano, Touadéra declarou um cessar-fogo unilateral com o objetivo de facilitar o diálogo nacional. Apesar deste progresso, dois terços do país, rico em diamantes, urânio e ouro, encontra-se ainda controlado por milícias e, segundo a ONU, cerca de 692 mil pessoas estão deslocadas internamente.