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A China está a criar a mais dura repressão ideológica das últimas décadas

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Xinhua

Xi Jinping, Presidente da China

Após um encontro entre militantes, o Partido Comunista Chinês estabeleceu como prioridade a criação de uma nova era ideológica que se irá traduzir no endurecimento do controlo ideológico sobre 1,4 mil milhões de chineses.

Esta semana, o partido divulgou uma nova diretriz sobre o trabalho ideológico e político, que visa não apenas os seus membros, mas também “toda a sociedade”.

Sob a alçada do presidente Xi Jinping, o partido começou a criar as linhas que vão orientar a mais dura repressão ideológica das últimas décadas, escreve a CNN.

O objetivo do líder chinês é impor barreiras à “infiltração” de ideias ocidentais, e como tal quer estabelecer um nacionalismo agressivo onde as liberdades académicas e de imprensa se vêm sufocadas.

“O trabalho ideológico e político é a boa tradição do partido, característica distinta e vantagem política proeminente – é a tábua de salvação de todo o seu trabalho”, cita a CNN, que teve acesso à diretriz do partido.

A estratégia será transversal a todas as classes da sociedade, mas terá grande enfoque na educação dos jovens.

Uma parte central da campanha está focada na promoção do “Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para a Nova Era”, a doutrina política de Xi que foi escrita na constituição do partido em 2017.

Desde 2017, a doutrina de Xi tem sido frequentemente estudada por quadros do partido em reuniões e também numa aplicação móvel de propaganda.

Agora, o partido quer que o público em geral aprimore o seu “senso de identificação política, ideológica, teórica e emocional” com a ideologia de Xi.

Uma campanha já está a ganhar ritmo para levar a doutrina de Xi mais longe, sobretudo “nos livros, nas salas de aula e nos cérebros dos alunos”, revelou o Ministério da Educação do país.

Num comunicado emitido na semana passada, o ministério referiu que escolas primárias e secundárias de todo o país irão começar a usar livros didáticos sobre “O pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para a nova era” já em setembro.

No mês passado, o Comité Central do partido também aprovou sete novos centros de pesquisa sobre a ideologia de Xi Jinping, somando-se assim aos 11 já estabelecidos. Esses centros foram criados pelas melhores universidades e grupos de reflexão, governos provinciais e ministérios do governo central.

O mais recente, lançado na semana passada pelo Ministério da Ecologia e Meio Ambiente, é dedicado ao “Pensamento de Xi Jinping sobre a Civilização Ecológica”.

Outros foram estabelecidos para o estudo do “Pensamento Económico de Xi Jinping”, “Pensamento de Xi Jinping sobre Diplomacia” e “Pensamento de Xi Jinping sobre o Estado de Direito”.

Contudo, estes esforços não são apenas notados nas escolas e universidades. O partido busca endurecer a ideologia em todos os aspetos da sociedade, indo da internet, a empresas, vilas rurais e comunidades residenciais urbanas.

Wu Qiang, analista político em Pequim, considera que a campanha é parte do movimento de Xi Jinping para consolidar ainda mais o seu poder e angariar apoio público antes do 20º congresso do partido, que se irá realizar no próximo ano.

ZAP //

 

 

13 Comments

    • Porquê? É só aplicar a propriedade distributiva da multiplicação:

      “As liberdades académicas e de imprensa se vêm sufocadas” = As liberdades académicas e as liberdades de imprensa se vêm sufocadas.

  1. Patético, como um ditador sanguinário, criminoso e hipócrita não é aqui tratado como tal, mas como presidente ou líder, como se fosse uma pessoa de bem.
    Será por servilismo dos jornais aos nazis chineses e seus camaradas “democratas”?

    • É preciso não se saber nada da China e dos chineses para se dizerem tais disparates. A China é uma civilização com cinco mil anos, e o Xi e o PCC são meros acidentes de percurso que, em devido tempo, os chineses se encarregarão de corrigir. Entretato Xi é apenas mais um imperador capaz, como tantos outros antes dele, de dinamizar a China e torná-la uma grande potência. Os chineses agradecem e, em devido tempo, passarão adiante…

      • Em política não existem “acidentes de percurso”. E qualificar o PCC de tal, é não saber nada da China. O Partido, com erros, avanços e recuos, revolucionou, completamente, o país e a sua forma de vida. Não é um mal que tenha que ser corrigido: em menos de 50 anos – 1974, conclusões da 1ª Conferência da FAO realizada em Roma – a China saiu de uma situação de catástrofe alimentar – leia-se “fome” – para uma potência económica e tecnológica de primeira grandeza e, pela primeira vez na sua história, em simultâneo, conseguir uma suficiência alimentar, que não sendo do tipo de desperdício da cultura ocidental, já não é fome institucional.
        O PCC, não vai ser “corrigido”, seguramente nas próximas décadas vai evoluir, acentuar a sua linha pragmática que pouco tem a ver com o marxismo “ideológico”, mas tenho muitas dúvidas que um país como a China se venha a converter à democracia dita ocidental, a estrutura de partido único é a mais adequada para a China e, na realidade, é a única sobrevivência do marxismo.
        Concluindo, o presente endurecimento ideológico de Xi deve ser visto de uma forma que os ocidentais fingem não compreender, os dirigentes da China entendem ser uma prioridade política, impedir todas as formas de contágio da decadência ocidental, particularmente o imperialismo cultural americano. De facto, na actualidade, USA e RPC já estão em guerra.

      • Isso é uma visão primária…., entretanto milhões de chineses sofrem a tortura e fome, além de serem tratados como autómatos!

  2. A China prevê uma guerra com os EUA e precisa para isso de fortalecer a componente ideológica. Mas engana-se quem pensa que os chineses se podem deixar influenciar pelas ideias ocidentais. Há na China um imenso orgulho pelos progressos conseguidos desde 1949, e a esmagadora maioria dos chineses goza de uma qualidade de vida nunca antes vista na China. Por isso a esmagadora maioria dos chineses apoiará o seu governo e está pronta para lutar contra os americanos até à vitória final. Além disso o Partido Comunista da China é cada vez mais o Partido Confucianista Chinês, herdeiro das tradições morais, políticas e sociais milenares.

  3. O maior problema em o Xi ji ping impor uma ideologia na China é que os limites geográficos da China para o Xi ji ping são uns, mas para outros países é para a comunidade internacional são outros.

  4. No entanto, as ideias ocidentais da globalização têm ajudado e de que maneira a pôr a China no pódio, mas eles, na verdade, também não têm a culpa que por estes lados estejamos a ser governados por incompetentes e irresponsáveis!

  5. Srs do ZAP:
    “…as liberdades académicas e de imprensa se vêm sufocadas”?
    Não entendo.
    Será que querem dizer ” …se vêem sufocadas”? ou “veem” ( na nova grafia do AO)?

  6. Em política não existem “acidentes de percurso”. E qualificar o PCC de tal, é não saber nada da China. O Partido, com erros, avanços e recuos, revolucionou, completamente, o país e a sua forma de vida. Não é um mal que tenha que ser corrigido: em menos de 50 anos – 1974, conclusões da 1ª Conferência da FAO realizada em Roma – a China saiu de uma situação de catástrofe alimentar – leia-se “fome” – para uma potência económica e tecnológica de primeira grandeza e, pela primeira vez na sua história, em simultâneo, conseguir uma suficiência alimentar, que não sendo do tipo de desperdício da cultura ocidental, já não é fome institucional.
    O PCC, não vai ser “corrigido”, seguramente nas próximas décadas vai evoluir, acentuar a sua linha pragmática que pouco tem a ver com o marxismo “ideológico”, mas tenho muitas dúvidas que um país como a China se venha a converter à democracia dita ocidental, a estrutura de partido único é a mais adequada para a China e, na realidade, é a única sobrevivência do marxismo.
    Concluindo, o presente endurecimento ideológico de Xi deve ser visto de uma forma que os ocidentais fingem não compreender, os dirigentes da China entendem ser uma prioridade política, impedir todas as formas de contágio da decadência ocidental, particularmente o imperialismo cultural americano. De facto, na actualidade, USA e RPC já estão em guerra.

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