Remédio para a dor crónica pode estar nas águas algarvias

Luís Forra / Lusa

A startup portuguesa Sea4Us, da área da biotecnologia avançada, está próxima de conseguir o licenciamento de um analgésico feito a partir de organismos marinhos da costa algarvia. O fármaco poderá aliviar as dores crónicas de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. O objetivo é vender a descoberta a um dos “tubarões” da indústria farmacêutica mundial.

Depois de mais de dez anos de investigação, a Sea4Us desenvolveu analgésico para a dor crónica a partir de organismos do mar algarvio.

A dor crónica é uma doença que atinge uma em cinco pessoas em todo o mundo, proporção que, no entanto, é superior na população portuguesa, disse à agência Lusa Pedro Lima, investigador e diretor científico da Sea4Us.

Será o primeiro analgésico marinho não opióide que, se tudo correr como previsto. Uma vez que não afeta centralmente o cérebro, espera-se que seja eficaz, sem provocar dependência ou efeitos secundários.

“O que nós temos a ser desenvolvido é uma alternativa aos opióides, morfina e afins, que de facto aliviam a dor em muitos casos e outros não, mas têm efeitos secundários algumas vezes terríveis”, esclareceu o neurofisiologista e biólogo marinho.

Mar algarvio é especial

O muito provável futuro novo medicamento é possível graças às características particulares de organismos marinhos que evoluíram e estão incrustados nas rochas de grutas e cavidades da costa algarvia, perto de Sagres, no distrito de Faro.

“É nesses organismos que encontramos uma química que está para além do engenho humano. O engenho humano não consegue sintetizar estas formas que nós encontramos nestes animais. É este o nosso conceito”, afirmou o responsável, depois de um mergulho que durou cerca de meia hora, que a Lusa acompanhou.

O objetivo é vender a ideia

A Sea4Us está agora a fazer os testes que precedem os primeiros testes clínicos em humanos, e caso corra tudo como esperado, pode avançar-se para o licenciamento e as farmacêuticas poderão colocar o produto no mercado, o que pode demorar cerca de cinco anos.

A empresa assume não ter o dinheiro necessário para realizar a totalidade dos testes em cobaias humanas e que gostaria de vender o seu projeto, daqui a cerca de um ano e meio, no início das experiências com pessoas.

Até agora, a empresa já investiu neste projeto, com a ajuda de fundos públicos, 1,5 a 2 milhões de euros, esperando continuar a investir noutros, alguns dos quais já iniciados, que permitirão permitir lutar contra doenças como a bexiga hiperativa, a neuropatia induzida por quimioterapia ou a epilepsia.

ZAP // Lusa

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