Afinal, os “relâmpagos” em Vénus não são o que parecem

Paul K. Byrne / NASA / USGS

Uma nova pesquisa põe em causa a ideia de que há relâmpagos em Vénus, uma teoria predominante na comunidade científica há 40 anos.

Um estudo recente publicado na Geophysical Research Letters desafia as suposições de longa data sobre a existência de relâmpagos em Vénus, questionando quase quatro décadas de debate científico.

A investigação, liderada pela física magnetosférica Harriet George da Universidade do Colorado Boulder, utilizou dados da Sonda Solar Parker da NASA.

Desde 1978, quando o orbitador Pioneer Venus da NASA detetou o que são conhecidas como “ondas Whistler” em torno de Vénus, os cientistas especularam que essas ondulações eletromagnéticas indicam uma atividade elétrica semelhante aos relâmpagos na Terra, explica o Science Alert.

As ondas Whistler, assim denominadas devido ao som de “assobio” que produzem quando ouvidas por operadores de rádio, são ondas eletromagnéticas de frequência muito baixa (VLF) frequentemente associadas a relâmpagos na Terra.

No entanto, os dados recentes recolhidos pela Sonda Solar Parker mostram que estas ondas se movem numa direção inesperada, em direção à superfície do planeta em vez de se afastarem dela. Este movimento anormal contraria a teoria de que tais ondas são indicativas de tempestades elétricas.

“Elas estavam a ir na direção oposta à que toda a gente imaginava nos últimos 40 anos”, explica David Malaspina, físico de plasma espacial da Universidade do Colorado Boulder.

O estudo deixa em aberto a questão do que realmente provoca esses sinais elétricos. Embora a investigação não descarte completamente a existência de relâmpagos em Vénus, indica que outros fenómenos provavelmente estão em jogo. A equipa suspeita que a reconexão magnética – onde as linhas do campo magnético em redor de Vénus torcem, partem e depois se juntam novamente – possa ser um fator.

Dado o número limitado de instrumentos científicos que chegaram a Vénus, as oportunidades para este tipo de investigação são raras. “É muito raro que novos instrumentos científicos cheguem a Vénus. Não temos muitas oportunidades para fazer este tipo de investigação interessante,” refere Malaspina.

O estudo sublinha a necessidade de dados mais detalhados para resolver de forma conclusiva a questão, algo que as futuras passagens da Sonda Solar Parker poderão fornecer.

Embora o debate sobre os relâmpagos venusianos não esteja encerrado, estes novos dados adicionam uma camada crucial de complexidade à nossa compreensão das condições atmosféricas do planeta.

ZAP //

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