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Reino Unido admite tornar-se “paraíso fiscal da Europa” se não chegar a acordo com a UE

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Foreign and Commonwealth Office / Flickr

O ministro da Economia do Reino Unido, Philip Hammond

O ministro da Economia do Reino Unido, Philip Hammond

O Reino Unido admite mudar de modelo económico e fiscal para se manter competitivo, se não tiver o acesso desejado ao Mercado Único Europeu, disse o ministro da Economia britânico.

“Nós deveríamos ser capazes de encontrar um acordo para permitir, sobre uma base da reciprocidade, o acesso aos nossos respetivos mercados sem a integração política que a adesão da União Europeia implica”, disse Philip Hammond ao jornal alemão Welt am Sonntag.

Interrogado sobre a possibilidade de o Reino Unido se tornar um paraíso fiscal na Europa, Hammond preveniu que se o seu país “não tiver acesso algum ao mercado europeu”, poderia “mudar o modelo económico” para “ganhar competitividade”.

Sugeriu, ainda, a possibilidade de baixar os impostos e os encargos para as empresas sediadas no Reino Unido, com o propósito de serem competitivas apesar dos direitos aduaneiros europeus.

A dois dias do discurso da primeira-ministra britânica, Theresa May, sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, Hammond repetiu que “a mensagem do referendo é que nós devemos controlar a nossa política de imigração”, referindo que se trata “de uma linha vermelha” para Londres.

“A questão incide sobre a liberdade de viajar para ter um trabalho, a liberdade de instalar-se e a liberdade para criar uma empresa”, disse.

O Reino Unido “conta com três milhões de imigrantes europeus que trabalham” no país e “nós temos o pleno emprego, em que claramente temos a necessidade de que pessoas venham e trabalhem dentro da nossa economia para que ela continue a funcionar. Mas somos nós que devemos ter o controlo global”, indicou Hammond.

Philip Hammond disse haver uma perspetiva inevitável de o bloco europeu evoluir “para uma grande integração política”, com o objetivo de manter o sucesso do euro, uma situação que o Reino Unido jamais desejaria.

Ao jornal alemão Die Welt, Philip Hammond considerou que o acesso recíproco entre os mercados britânico e da União Europeia é uma “lógica económica”, porque no seu país estão presentes “muitas empresas com grandes operações e vendas”.

“Eu acho que a Mercedes-Benz, a BMW e a Volkswagen também querem continuar a vender os seus carros no mercado do Reino Unido sem pagar mais impostos”, advertiu, apontando, também, que “o maior banco alemão tem uma filial em Londres e é de supor que deseja mantê-la”, avaliou.

“Vamos tomar a decisão no interesse do Reino Unido, mas isso não significa que vamos fechar as nossas portas para os imigrantes que vêm trabalhar no Reino Unido”, disse o ministro ao Die Welt.

// Lusa

10 Comments

  1. Que bom! Vamos todos fazer isso. Saímos todos da UE e baixamos os impostos das empresas!
    Resultado: rebentamos com o estado social de todos os países europeus.
    O Reino Unido quer fazê-lo? Pois que o faça. Terá de baixar bastante os impostos sobre as empresas. Neste momento já tem o serviço nacional de saúde a rebentar pelas costuras. Se baixar os impostos os hospitais vão entrar em colapso, não terá dinheiro para garantir um sistema de ensino gratuito, nem um sistema de pensões condigno.
    Pode-se argumentar que o Luxemburgo já o faz sem que entre em colapso. É verdade, mas o Luxemburgo tem uma população muito reduzida. O negócio deles é dizerem às empresas: paguem 5% aqui em vez de pagarem 2% nos outros países, e sobrevivem com esses 5% porque são 5% do lucro que essas empresas têm em toda a Europa! Isto é o Luxemburgo governa-se à custa dos outros. E as empresas continuam a fazer o seu negócio porque exportam para os outros países sem taxas.
    O Reino Unido tem uma população enorme e haverá taxas na exportação para os outros países. Não se irão aguentar…

    • Pois… ou então não…

      Nunca uma frase do Winston Churchill fez tanto sentido, ainda que tirada do seu contexto e aplicada à União Europeia:
      I may be drunk, Miss, but in the morning I will be sober and you will still be ugly.

      • Pois, mas esse comentário teria sido feito a uma senhora (não há a certeza de qual senhora nem sequer se de facto ele o fez), porque enquanto a embriaguez é um estado passageiro, a fealdade é definitiva. Acontece que neste caso é provavelmente ao contrário. A embriaguez será da UE, com tratados que funcionam mal mas que se podem reescrever, e a fealdade do Reino Unido, atitudes xenófobas intrínsecas à educação (ou falta dela) de todo um povo.

      • Pois, mas eu penso que é precisamente o contrário. A Europa permanecerá sempre “muito pouco atraente” e o Reino Unido está momentaneamente à deriva mas alguma solução há-de arranjar. E provavelmente não vai só, Lembre-se da EFTA.

        E para concluir deixo-lhe mais uma citação atribuída ao carniceiro de Galípoli
        To improve is to change; to be perfect is to change often.

  2. acho a ideia brilhante! os ingleses sempre foram muito mais inteligentes que nós, o problema é que aqui as pessoas são obcecadas com impostos, veja-se o que se fala da Zona Franca da Madeira….ridiculo e absurdo.

    • Pelo contrário. Uma zona franca só tem interesse quando o número de beneficiados é pequeno. No caso do Luxemburgo, 500 mil pessoas (população do Luxemburgo) a cobrarem impostos devidos a 500 milhões de pessoas (população da UE). No caso do Reino Unido trata-se de uma população de 65 milhões. Uma descida de impostos poderá atrair o sector financeiro e alguma indústria. Como não haverá comércio livre com a EU, os países da EU recuperarão parte do dinheiro com taxas alfandegárias (pagas por nós) o que desincentivará a compra de produtos britânicos. Mas o que é que consumimos fabricado no Reino Unido?

      A referência aos carros alemães é também ridícula. Quem compra um BMW, um Mercedes ou um Audi não quer substituí-lo por um Toyota ou um Honda. Vai comprá-lo na mesma, mesmo que seja mais caro. Poderá é claro equacionar a compra de um Jaguar ou de um Rolls-Royce, mas a diferença de preço é capaz de os fazer pensar duas vezes…

  3. Na melhor tradição dos piratas/corsários da rainha !!
    Depois de mentirem aos escoceses, ameaçam os seus ex-parceiros da UE.
    Se não somos suficientemente bons para “estar com eles”, porque teremos que dar-lhe privilégios nos negócios futuros com a UE ?
    Mas, é óbvio que com a gastronomia que têm é mais fácil nós fazermos boa comida com os ossos que nos querem deixar, do que eles com a carne com que querem ficar …

  4. Uma vez mais os ingleses estão a tentar chantagear os europeus, de certa maneira devem sentir razões mais do que suficientes para o fazerem pois sempre que o têm feito têm tirado proveito da brincadeira, resta agora saber se uma vez mais a Europa se se deixa ir no conto do vigário e continua a dar provas de uma ingenuidade completamente infantil como até aqui, que os ingleses se queiram separar estão no seu direito e até me parece que não deixam de ter razão mas terão que assumir essa separação sem continuar a mamar como têm exigido até aqui estando com um pé dentro outro de fora como tem sido prática corrente.

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