Rei da centopeia das cavernas: O gigante cego e mortal que evoluiu na escuridão

A centopeia venenosa entrou na caverna Movile, na Roménia, há milhões de anos e adaptou-se para viver na escuridão total, rodeada de gases mortais.

O Cryptops speleorex — que significa “rei da gruta” — situa-se no topo da cadeia alimentar deste ecossistema único. É a maior espécie de invertebrado da gruta, com um comprimento que varia entre 46 e 52 milímetros.

A centopeia adaptou-se à vida na escuridão total. Ao contrário das suas primas que vivem à superfície, a Cryptops speleorexnão tem olhos. Assim, baseia-se noutros sentidos para localizar a presa, como as suas longas antenas que são altamente sensíveis ao toque.

Estas antenas ajudam-no a detetar as vibrações e os movimentos das presas no seu ambiente. Com as suas pernas compridas e aranhadas, o rei da caverna pode navegar em espaços apertados com facilidade.

A centopeia tem pinças venenosas chamadas forcipules, concebidas para apanhar e imobilizar a presa quando esta se aproxima.

Para sobreviver numa ambiente sem luz solar — e sem plantas que produzam energia através da fotossíntese — as criaturas da caverna dependem de nutrientes produzidos por bactérias através da oxidação de gases, como metano e enxofre. Este processo é chamado de quimiossíntese.

O Cryptops speleorex alimenta-se de outros seres da gruta para obter nutrientes.

O rei da caverna também tem que enfrentar a variedade de fases mortais na sua casa. A caverna Movile é abundante em sulfureto de hidrogénio, metano, amoníaco e dióxido de carbono, ao mesmo tempo que tem cerca de metade do nível normal de oxigénio no ar fora do sistema.

Segundo o LiveScience, não se sabe exatamente como se adaptou para sobreviver a estes gases. No entanto, o Cryptops speleorex respira através de espiráculos ligados a um sistema traqueal que pode ter evoluído para extrair eficazmente o oxigénio em ambientes com pouco oxigénio.

Embora algumas espécies encontradas na caverna também existam fora dela — como as lombrigas microscópicas chamadas nemátodos — o Cryptops speleorex não sai da sua casa inóspita, de acordo com os investigadores que o descobriram.

“Os nossos resultados confirmaram as nossas dúvidas e revelaram que a centopeia Movile é morfológica e geneticamente diferente, sugerindo que tem vindo a evoluir, ao longo de milhões de anos, para um grupo inteiramente novo que está melhor adaptado à vida na escuridão sem fim“, afirmaram os investigadores em comunicado.

Teresa Oliveria Campos, ZAP //

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