Governo aponta para regresso progressivo de público aos estádios

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Hugo Delgado / Lusa

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O regresso de público aos estádios de futebol continua proibido, devido à pandemia de Covid-19, com o secretário de Estado da Juventude e Desporto a admitir esta sexta-feira a possibilidade de um retorno faseado quando houver condições de segurança.

“Temos vindo a discutir não só a própria lotação dos recintos, como também a progressividade com que isso [regresso do público] pode vir a ser feito”, afirmou aos jornalistas João Paulo Rebelo, sublinhando que o Governo, tem “tido sempre em conta essa progressividade” nas diversas medidas de combate à propagação do novo coronavírus.

O responsável reconheceu “a necessidade que o desporto tem de ter público”, assegurando que o seu gabinete tem trabalhado junto das autoridades de saúde e do Ministério de Saúde planos para que, “assim que a evolução epidemiológica, assim os números permitam”, possa ser autorizado o retorno do público aos estádios.

“É evidente que o Governo fala a uma só voz e, como nós sabemos, neste momento, não está previsto haver público nos espetáculos desportivos. Agora, isso não significa que nós não estejamos preparados e a trabalhar para que, assim que seja possível, o público possa retomar aos estádios. Faço votos para que isso possa acontecer tão depressa quanto possível”, lançou.

E acrescentou: “Todos nós sabemos que há um bem maior, que, seguramente, é consensual que todos queremos tratar, que é a nossa saúde individual e a nossa saúde coletiva“.

O governante falava à margem de uma iniciativa promovida pela Confederação de Treinadores de Portugal para assinalar o “Dia do Treinador”, em Lisboa, elogiando o trabalho dos técnicos em prol do desporto, bem como a sua capacidade de adaptação à situação causada pela pandemia, e vincando o reconhecimento internacional da competência dos treinadores portugueses.

Por seu turno, Pedro Sequeira, presidente da entidade que representa os treinadores, aproveitou a ocasião para anunciar o lançamento do projeto Portugal Coaches School, que assenta na formação, investigação e promoção de estágios de treinadores, com suporte de uma plataforma de e-learning (ensino através da internet) e arquivo.

Movimento “Sem Adeptos Não Há Futebol”

O presidente da Assembleia Geral do Leixões, Paulo Lopo, criou o Movimento Sem Adeptos Não Há Futebol, subscrito por dezenas de personalidades do futebol, que pretende pressionar as autoridades competentes a autorizarem o regresso do público aos estádios.

“Senti que havia uma inércia de todos os clubes, incluindo os grandes, e em conversa com outros presidentes, meus amigos, verifiquei que pensavam o mesmo que eu e não se manifestavam. Muitos deles diziam-me tu é que devias pegar nisto porque nós não estamos organizados’ e decidi deitar mãos à obra”, explicou Paulo Lopo, em declarações à Agência Lusa.

O objetivo do ex-presidente da direção do Leixões e principal acionista da SAD é aproveitar o desagrado da maior parte das instituições e exercer, com racionalidade, uma pressão positiva sobre as autoridades que têm o poder de decisão para mudar a atual situação.

Para Paulo Lopo, há o risco de comprometer irremediavelmente uma das atividades desportivas e económicas mais bem-sucedidas em Portugal e lembrou que em França, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Ucrânia e Rússia, entre outros, os jogos de futebol já decorrem com uma percentagem de público nos estádios.

“Este é um manifesto pela positiva, não é contra ninguém, é apenas a favor do futebol. Vamos fazer crescer este movimento para que chegue junto de quem de direito, do Governo e das instituições que podem tomar decisões”, acrescentou Paulo Lopo, que não entende como a Direção-Geral da Saúde tem olhado para este problema.

O dirigente do Leixões considera discriminatório o tratamento que é dado pela DGS ao futebol em relação a outros espetáculos e atividades, como as touradas, os cinemas, o teatro, os comícios políticos, os restaurantes, os hotéis, as praias e os centros comerciais.

“Queremos que o público volte aos estádios de acordo com todas as regras impostas pela DGS, porque a saúde está em primeiro lugar e as medidas de segurança que protegem os adeptos são uma prioridade”, concluiu Paulo Lopo, que está convencido de que o número de apoiantes e subscritores deste movimento vai alargar-se significativamente nos próximos tempos.

Assinam o manifesto do movimento 67 personalidades do mundo do futebol, entre as quais Jorge Jesus, Sérgio Conceição, Pedro Proença, Paulo Futre, Nuno Gomes, Manuel Fernandes, Deco e Fernando Couto.

A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 984 068 mortos e cerca de 32,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

// Lusa

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