“Fugimos dos talibãs mas tenho saudades do Afeganistão. Aqui no Reino Unido somos pobres”

Stringer/EPA

Refugiados querem estudar ou trabalhar, mas não conseguem. Mas a situação no seu país natal não é sorridente. Um beco sem saída.

Em Agosto do ano passado a vida dos afegãos mudou: os talibãs assumiram o controlo do país, aproveitando a saída dos últimos militares dos Estados Unidos da América.

Mesmo para quem fugiu, quase um ano depois, a situação dos refugiados está longe de ser positiva.

O The Daily Telegraph relata que há muitos refugiados no Reino Unido ainda sem casa, que continuam em abrigos temporários e que, por não terem morada oficial, não podem ter acesso a carta de condução, por exemplo.

Raakin (os nomes são fictícios) agradece o facto de ter sido acolhido no Reino Unido mas continua a viver com a família num quarto de um hotel. Sem documentos. Qualquer visita tem de ser autorizada pelo gerente do hotel. E não há boas perspectivas em relação à possível fuga dos seus pais e dos seus irmãos, que continuam no Afeganistão.

A jovem Najiba Shukur gostava de estudar no Reino Unido mas não pode: “Dizem que preciso dos meus documentos. Mas fugi de repente, não trouxe nada. Pensei que iria ser uma grande médica”, lamenta.

Alguns refugiados têm sido atacados por alegados elementos de grupos de extrema-direita: “Somos alvos de alguma discriminação. E nem nos conhecem, nem sabem porque estamos aqui e pelo que passámos”, relata Raakin.

Apesar de ter fugido de um país que já não é o que era até Agosto de 2021, Raakin tem saudades do Afeganistão: “Sinto falta do tempo, da época da fruta. Tínhamos tudo lá: a nossa vida inteira, os nossos familiares. Mas às vezes temos que partir para sobreviver”.

Mesmo assim, fica a confissão de Najiba: “Tenho saudades do Afeganistão. Tínhamos uma vida feliz lá. Aqui somos pobres“.

O problema é que, no Afeganistão, o panorama não melhorou: “A minha família nem quer falar sobre os talibãs. Mudam logo de assunto, têm medo, estão assustados, acham que alguém vai ouvir a nossa conversa”.

“Lá não há empregos, não há escolas. Querem vir para aqui mas não está fácil”, lamentou Raakin.

ZAP //

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