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De Bolsonaro a Ventura, Parler é a rede social que está a atrair a direita

José Sena Goulão / Lusa

André Ventura, Chega

Apesar de não ser nova, esta rede social começou a ganhar popularidade nos últimos tempos, nomeadamente entre vários políticos de direita, por apostar na “liberdade de expressão”.

Chama-se Parler, foi criada em agosto de 2018, mas só agora começa a ganhar popularidade, uma vez que a própria se apresenta como uma alternativa “não tendenciosa e que privilegia a liberdade de expressão”, cita o site The Conversation.

Este é o mote perfeito para se impor no mundo das redes sociais, numa altura em que se tem intensificado o debate sobre as limitações colocadas por gigantes como o Twitter que, nos últimos meses, colocou vários avisos em tweets do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Neste momento, esta rede social já tem mais de 1,5 milhões de utilizadores, entre os quais se começam a destacar figuras da política mais conservadora. “Se podes dizê-lo nas ruas de Nova Iorque, podes dizê-lo no Parler”. É assim que a descreve o seu criador, John Matze.

Nos Estados Unidos, conta o semanário Expresso, já se encontram nesta rede o senador republicano Ted Cruz, o advogado de Trump, Rudy Giuliani, e alguns familiares do chefe de Estado como, por exemplo, Donald Trump Jr. e Eric Trump. Para já, o clã da família ainda não tem conta.

O mesmo não se pode dizer do seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, que já se encontra ativo nesta rede, assim como os seus filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro.

De acordo com o mesmo jornal, em Portugal também já há quem pense em migrar para esta plataforma, a começar por André Ventura, líder do Chega.

“Se a censura continuar ou aumentar, já temos alternativa: Parler! Ou passa a haver igualdade no tratamento entre forças políticas, ou a transferência será certa!”, escreveu o deputado único do partido no Twitter.

De acordo com o The Conversation, esta rede social é bastante idêntica ao Twitter, não só no seu aspeto visual, como também nas suas principais funções. Tal como na rede de Jack Dorsey, os utilizadores podem seguir e interagir com outras contas.

Os posts partilhados publicamente são chamados de “parleys” e podem conter até mil caracteres. Os usuários podem procurar por hashtags, fazer comentários, publicar posts “echo” (semelhantes aos retweets) e recorrer a mensagens privadas diretas.

O Parler alega moderar o seu conteúdo com base nas regras da Comissão Federal de Comunicações e do Supremo Tribunal dos EUA. Logo, no caso de alguém partilhar informações comprovadamente falsas, o seu fundador diz que cabe aos outros utilizadores fazer a verificação dos factos de forma “orgânica”.

No entanto, apesar de ser considerada uma rede social “anti-censura”, existem na mesma regras. O Parler diz-se no direito de banir certos conteúdos, nomeadamente sobre terrorismo ou que façam uso da difamação, chantagem, suborno, ameaças de morte, insultos gratuitos ou spam. Também existem diretrizes contra conteúdo considerado obsceno como imagens de órgãos genitais, mamilos femininos, fezes e pornografia.

Em declarações à CNBC, Matze está contente com os últimos progressos, mas afirma que não quer que a app se torne apenas numa “câmara de eco” para as vozes mais conservadoras. Por isso, convida pessoas mais liberais a juntar-se também a esta rede, para que seja possível promover um debate saudável entre todos.

FM, ZAP //

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