Depois de uma década de escavações, uma equipa de cientistas da Universidade do Havai diz ter criado o “perfume” de Cleópatra VII, a mulher que governou o Antigo Egito antes de o território cair nas mãos dos romanos.
Apesar de a comunidade científica nunca ter conseguido determinar a verdadeira aparência de Cleópatra, foi agora possível recriar o seu antigo perfume.
“Este era o Chanel número 5 do Antigo Egito”, afirmou Robert Littman, que, juntamente com o seu colega Jay Silverstein, criaram a fragrância.
Para isso, os cientistas recriaram os perfumes mais comuns do império através de amostras e restos encontradas em vasos que as continham. Durante uma década, explica a equipa em comunicado, foram levadas a cabo escavações em Tell-El Timai, local que à época era conhecido como a cidade de Thmuis, que foi a “casa” dos mais famosos perfumes da antiguidade e da Mesopotâmia.
Apesar de as garrafas e os recipientes encontrados não terem odor, uma análise química da lama que se encontrava nelas revelou alguns dos ingredientes. Depois, os cientistas levaram as suas descobertas a dois especialistas em perfumaria egípcias – Dora Goldsmith e Sean Coughlin – que os ajudaram a recriar o perfume de acordo com as fórmulas encontradas em textos antigos.
A base das fragrâncias recriadas é a mirra, uma resina extraída de uma árvore espinhosa nativa de África e da Península Arábica, tal como escreve o jornal ABC. Ingredientes como cardamomo, azeite de oliveira e canela foram também adicionados para produzir perfumes antigos, que eram por norma muito mais grossos e pegajosos do que os atuais, o que lhes conferia aromas fortes e mais condimentados para que durasse mais tempo.
“É uma grande emoção cheirar um perfume que ninguém cheirou durante 2.000 anos e que Cleópatra pode ter usado”, diz Littman, citado na mesma nota de imprensa.
A perfumista Mandy Aftel explica que não é certo que Cleópatra tenha usado este exato perfume, uma vez que a governante tinha a sua própria fábrica de perfumes, onde eram criadas fragrâncias exclusivas.
Contudo, esclarece a especialista, mesmo que Cleópatra não usasse a fragrância recriada, é muito provável que a elite do mundo antigo tivesse usado algo semelhante. Por isso, esta recriação tem um valor incalculável para a Arqueologia.