Problemas nos transportes públicos? Há 15 anos que não circulavam tantos carros nas autoestradas

1

Ruben Alexandre Teixeira / Wikimedia

Circulação média no auge dos últimos 15 anos e recordista nos acessos a Lisboa e Porto, onde o IC19 e a VCI dominam. Os transportes públicos estão piores e são parcialmente culpados pelo aumento.

Há recorde nos acessos a Porto e Lisboa. O tráfego médio diário nas autoestradas está no auge dos últimos 15 anos, apesar de entraves como a subida dos preços das portagens.

Os primeiros nove meses de 2023 viram um aumento de 10% na circulação média diária em comparação com todo o ano de 2022, um fenómeno que se torna particularmente evidente nos acessos a Lisboa e Porto, onde se registam os maiores fluxos de tráfego, revelam dados do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT).

O IC19, que liga Lisboa a Sintra e Amadora, foi a estrada mais movimentada, com um tráfego de 114.821 veículos até setembro de 2023. A A5, entre Lisboa e Cascais, o IC17-CRIL e a VCI (A20), no Porto, são algumas das vias com mais tráfego.

Faltam transportes públicos?

O aumento no uso de veículos pessoais pode ser parcialmente atribuído às perturbações nos sistemas de transporte público. A pandemia trouxe uma mudança de hábitos.

“Estavam a melhorar as condições das frotas e das linhas deste transporte, mas também estava a haver algumas políticas sociais em matéria de passes”, diz ao Jornal de Notícias a especialista em Mobilidade Urbana, Paula Teles.

A Área Metropolitana do Porto, em particular, tem enfrentado desafios com novas concessões e linhas que não estão a funcionar de maneira eficaz.

“Na Área Metropolitana do Porto, onde tudo mudou. Com novas concessões, novas linhas, novas arquiteturas, que não estão a funcionar bem, nem a corresponder às expectativas dos municípios”, atira a especialista.

As greves que afetaram a operação da Comboios de Portugal (CP) na primeira metade de 2023 também motivaram este aumento.

“As pessoas têm de se deslocar, se não têm opções de transporte público, têm de usar os transportes individuais”, simplifica o especialista em Planeamento do Território e Ambiente Álvaro Costa ao JN.

A necessidade de uma estratégia integrada e eficaz para a mobilidade urbana torna-se cada vez mais premente, especialmente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde o problema é mais agudo.

De recordar que nos primeiros seis meses do ano, foram registadas 15.494 reclamações relativas aos transportes públicos em Portugal. São, em média, 86 queixas por dia — mais 41 do que no período homólogo, ditam os dados apresentados pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).

Traduzindo estes números, falamos de um aumento de 89,3% nas reclamações em comparação com o mesmo período de 2022.

O cancelamento de serviços e o incumprimento dos horários surgem como as principais razões para o descontentamento dos passageiros, tanto em transportes rodoviários quanto ferroviários. Além disso, no setor ferroviário, destaca-se o elevado número de queixas relacionadas com pedidos de reembolso e greves. Nos metros, a frequência do transporte, as infraestruturas auxiliares e os títulos de transporte são as principais fontes de insatisfação.

ZAP //

1 Comment

  1. Os transportes públicos também andam cheios nas horas de ponta. Portanto há efectivamente mais gente em circulação frequente.
    Por outro lado, os transportes públicos deviam ser melhor solução do que ir de carro, só que não o são porque os constantes atrasos, que chego a demorar 2 horas de comboio dum troço de 40 km directo, como o facto de irem cheios, como também estarem só pensados no movimento concêntrico de Lisboa e Porto, torna-os más opções para muita gente.
    Novamente devia-se reimplementar parcialmente o teletrabalho para reduzir essa circulação

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.