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Pedro Nuno Santos quer receitas da rodovia a ajudar a financiar a ferrovia

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António Cotrim / Lusa

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos

Há dois anos, o ministro defendia a possível separação da REFER das Estradas de Portugal. Agora, volta atrás e quer que as receitas de rodovia ajudem a financiar a ferrovia.

O Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, diz que as receitas das concessões rodoviárias podem financiar os investimentos ferroviários. “Chegou a hora da rodovia ajudar a financiar a ferrovia”, disse o governante no podcast Sobre Carris do jornal Público.

Esta posição de Pedro Nuno Santos constitui um recuo, já que há dois anos, o ministro não descartou a possibilidade de separar a REFER das Estradas de Portugal, defendendo assim a autonomização da ferrovia.

“Houve uma ideia inicial que eu cheguei a ter que era a separação da rodovia da ferrovia. Uma coisa é termos a roda e o carril juntos e outra coisa é pensarmos que temos de partir a IP”, começou por dizer Pedro Nuno Santos.

“Mas eu não defendo isso por duas razões: a primeira é de financiamento. Não o escondo. As concessões rodoviárias vão começar a chegar ao seu término. A IP vai começar a ter um volume de receita, fruto da rodovia, muito considerável. E num momento em que nós queremos fazer a transferência modal, e depois de o país ter andado décadas a financiar a rodovia, chegou a hora da rodovia ajudar a financiar a ferrovia. Separar é tornar mais difícil este exercício”, acrescentou.

Em entrevista ao Público, em 2019, Pedro Nuno Santos dizia que a fusão da REFER com a Estradas de Portugal “foi um erro” e que “a ferrovia teria muito a ganhar com a autonomização”.

Agora, o governante não esconde ter mudado de opinião. Pedro Nuno Santos defende que “é mais seguro” se as receitas ficarem dentro da IP, não correndo o risco de as perder se forem para o Ministério das Finanças.

Pedro Nuno Santos refere ainda que a ferrovia e a rodovia não podem ser vistas como concorrentes, mas sim “complementares”, arranjando formas de organização que permitam uma melhor articulação entre a CP e a IP.

“É possível voltar a ter as empresas juntas sem ter que estar a separar a infraestrutura ferroviária da rodoviária”, atirou.

ZAP //

1 Comment

  1. Tragédia. Um país que nas últimas décadas desmantelou quase toda a rede ferroviária, que deve ser o único país da Europa sem ligações de comboio para o estrangeiro, que tem os comboios geridos por uma organização (CP) que há várias décadas faz greve três meses por ano em média. Esse país também tem um governo que acha que basta atirar com mais dinheiro para cima dos carris para resolver o problema.

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