Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
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Patrocínio Azevedo, ex-vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia
João Lopes citou o pai em tribunal: disse que merecia “um par de lambadas nas trombas” pelo “dinheiro mal gasto”. Transações passaram-se na casa de banho do centro comercial.
O advogado envolvido na Operação Babel João Lopes confessou em tribunal que recebeu grandes quantias de dinheiro em diversas circunstâncias, incluindo uma entrega no WC do NorteShopping, em Matosinhos.
O advogado, que está entre os 16 arguidos do processo que regressaram esta terça-feira a tribunal, explicou que, em 2021, usou o nome do então vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo (na foto), para pedir 50 mil euros a Paulo Malafaia e Elad Dror, empresários ligados a vários projetos imobiliários.
No entanto, segundo o advogado, o dinheiro foi sempre pedido para si: os empresários pensavam que estavam a subornar o ‘vice’ da autarquia, garante João Lopes.
“Tentei criar um cenário de que era para o engenheiro [Patrocínio], mas ele nunca recebeu um euro (…). Gastei dinheiro mal gasto, comprei um carro para a minha mulher. Como disse o meu pai: era um par de lambadas nessas trombas”, disse, citado pelo Correio da Manhã.
Uma das entregas deu-se na casa de banho do NorteShopping.
“Fomos à casa de banho, que o senhor Malafaia tem um problema urinário. Fiquei junto aos lavatórios e ele foi para os cubículos. Ele depois trocou o conteúdo das bolsas que tinha e deu-me a bolsa preta de colocar à cintura. Não contei o dinheiro”, explicou em tribunal.
Nessa bolsa estariam 24.600 euros, mas uma entrega anterior contemplou 25 mil euros para supostamente o advogado tratar de problemas no projeto Riverside. Mas a acusação sustenta que o valor real seria quase 100 mil euros, sugerindo que o montante seria destinado ao favorecimento do Grupo Fortera, propriedade de Dror e Malafaia.
O advogado alegou que, ao solicitar o dinheiro, nunca mencionou a intenção de corromper o vice-presidente, mas apenas de “facilitar a solução, através de dinheiro” para os problemas do projeto.
“Dei a entender que o dinheiro não era para mim, mas nunca disse que ia corromper o engenheiro Patrocínio. Dei a entender que facilitava a solução, através de dinheiro”, disse João Lopes.
O advogado revelou ainda que Malafaia lhe deu uma coluna de som, no valor de 400 euros, como parte das entregas no centro comercial. “Já está a bombar, top“, disse depois João Lopes por mensagem. “Agora a bombar o PIP”, respondeu Malafaia, referindo-se à aprovação do Pedido de Informação Prévia de uma obra.
O advogado foi confrontado com escutas telefónicas que sugeriam que o dinheiro era, de facto, para Azevedo, mas Lopes insistiu que essas conversas foram uma encenação. Diz que, eventualmente, Malafaia e Dror perceberam que o dinheiro era destinado a ele.
João lopes, que enfrenta acusações de corrupção e tráfico de influências, é ouvido esta terça-feira mais uma vez em tribunal.
Temos é de ver com os nossos olhos, as cabecas a rolarem!