As startups falham por 7 razões (e estão a receber dinheiro de onde não queriam)

A crise também chegou ao mundo das empresas que estão a começar: o dinheiro dos investidores na Europa caiu para metade.

Startup. Uma designação que, até há alguns anos, provavelmente nenhum de nós tinha ouvido.

Mas nos últimos anos a expressão inglesa começou a reinar no mundo dos negócios, quer em Portugal, quer noutros países.

Uma startup é uma empresa que está na sua fase inicial (start), em princípio inovadora e em princípio com grande potencial de crescimento (up). Costumam estar ligadas à da tecnologia.

Agora que lê este artigo, talvez se tenha apercebido que tem ouvido menos vezes essa expressão nos últimos anos.

Sim, a pandemia foi essencial para travar o nascimento de novos negócios de milhares ou milhões de euros (embora tenha sido o contexto ideal para a criação de outros).

Mas, mais do que a COVID-19, há 7 motivos essenciais para o falhanço das startups – quando falham – de acordo com Serge Kuznetsov, especialista no mundo empresarial e dos negócios.

O primeiro é que os seus criadores não ouvem os outros, segundo Serge.

O segundo é porque não usam dados. O terceiro é porque tentam construir para toda a gente.

Além disso, não resolvem problemas, muitas escolhem o mercado errado e esquecem-se de se focarem no marketing.

Por fim, os fundadores das startups, alega o especialista, esperam ter resultados logo em 3 meses – em vez de esperarem 3 anos.

“Comercializam muito, mas constroem muito pouco”, finaliza Serge Kuznetsov, no Twitter.

Investimento cai

Depois da pandemia, a guerra e a sucessiva crise económica global: o investimento em startups europeias caiu muito, no ano passado.

De acordo com o relatório anual da Atomico, os investidores privados investiram em 2022 metade do capital de risco do que investiam em 2021.

Os números destacados pelo jornal Handelsblatt mostram que, entre os principais países a nível económico, as startups alemãs foram melhores do que as britânicas e francesas: menos 44% de investimento na Alemanha, menos 55% em França e menos 57% no Reino Unido.

Os capitalistas de risco estão mais cautelosos devido à fragilidade da economia global e também por causa das mexidas constantes nas taxas de juros.

Agora, as negociações de financiamento arrastam-se por meses ou anos – ou acabam por dar em nada, originando insolvências.

O que escapa a esta tendência, sem surpresas, são as startups ligadas à Inteligência Artificial, que estão a receber mais financiamento em 2023.

Dinheiro de onde não queriam

E é neste contexto que entram os capitalistas de risco corporativo – algo que raramente agrada aos fundadores das startups.

Os capitalistas de risco corporativo são investidores (normalmente sob a forma de empresa) que realizam investimentos, sobretudo, em novas empresas ligadas à tecnologia.

Como qualquer capitalista de risco, participam no capital de outras
empresas para, mais tarde, receber mais-valias com a alienação futura da participação adquirida.

Mas estes capitalistas de risco corporativo causam desconfiança entre os responsáveis pelas startups: por estarem ligados – mesmo que indirectamente – a outras empresas, há receios de fuga de informações e de futuras aquisições.

No entanto, os capitalistas de risco corporativo têm mudado a sua postura, tornaram-se mais profissionais e, numa altura em que o financiamento para startups é escasso, (quase) tudo é bem-vindo.

Mesmo entre os capitalistas de risco, o investimento está a ser muito mais ponderado, avisa o mesmo jornal.

Há diversas razões: o aumento das taxas de juros dos empréstimos, o ritmo da economia, a dependência dos interesses e da situação económica do seu investidor-âncora.

Mesmo assim, há capitalistas de risco corporativo que estão a assumir maior protagonismo no ramo das startups, devido ao cenário já descrito. Investem mais, ficam com quotas maiores.

De um lado, sentem que esta é a sua oportunidade de se intrometerem; do outro, nem há muito para hesitar porque o panorama não está fácil e é preciso pensar no futuro.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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