Rapariga de Napalm recebe tratamento final para as queimaduras, 50 anos depois

manhhai / Flickr

A fotografia de Kim Phuc a fugir do ataque, com queimaduras de terceiro grau.

Kim Phuc, a “rapariga de Napalm”, fotografada em 1972 a fugir de um ataque durante a guerra do Vietname, vai receber o tratamento final para as queimaduras em Miami.

Kim Phuc ficou para sempre conhecida na história como a “rapariga do Napalm”. É a menina que aparece no centro da fotografia, a correr, com apenas nove anos.

Tinha acabado de retirar as suas roupas em chamas, e por isso aparece nua e com os braços abertos longe do corpo. A fotografia tornou-se um símbolo dos horrores da guerra do Vietname e ganhou um prémio Pulitzer.

Kim Phuc teve o seu último tratamento de pele com um dermatologista especializado em tratamentos a laser, 50 anos após vietnamitas atingirem os civis da sua aldeia.

Phuc foi fotografada a correr, nua e a gritar em agonia, depois de o napalm ter sido largado por um avião de ataque Skyraider do Vietname do Sul.

Nick Ut, o fotojornalista que capturou a imagem em junho de 1972, colocou Kim na sua carrinha, onde na altura a menina se agachou no chão com a pele queimada a gritar “Eu acho que estou a morrer, estou muito quente, estou a morrer” e a levou ao hospital.

Phuc passou mais de um ano no hospital a recuperar dos seus ferimentos, e tem vivido com dores contínuas e movimentos limitados. Esta semana submeteu-se à sua 12ª e última ronda de tratamento laser no Instituto de Dermatologia e Laser de Miami, segundo noticiou a NBC 6 South Florida.

Em Miami, a “rapariga de Napalm” encontrou-se com Ut, a quem foi atribuído o prémio Pulitzer pela fotografia, que tirou aos 21 anos.

Phuc deseja que todos possam “viver com amor, esperança e perdão, e se todos puderem aprender a viver assim, não precisamos de guerra de todo“.

Na altura, a Phuc admite ter odiado a fotografia, e sentir-se feia e envergonhada por ser retratada nua. As suas roupas tinham sido queimadas do seu corpo.

Após o ataque, sofreu de problemas mentais e chegou a pensar em suicidar-se por ter sofridos traumas psicológicos e dores físicas.

Mudou-se para o Canadá em 1990 e criou a Fundação Kim International, que oferece assistência médica, incluindo apoio psicológico, a crianças afetadas pela guerra.

“Já não sou uma vítima de guerra. Sou uma sobrevivente. Sinto que há 50 anos atrás, fui vítima de guerra, mas 50 anos mais tarde, sou uma amiga, uma ajudante, uma mãe, uma avó e uma sobrevivente a apelar à paz”, conclui a rapariga de Napalm.

Alice Carqueja, ZAP //

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