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Rangel pede “cartão quase laranja” ao Governo para dar uma “lição” a Costa

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Hugo Delgado / Lusa

Rui Rio com Paulo Rangel

O cabeça de lista do PSD ao Parlamento Europeu, Paulo Rangel, apelou esta domingo ao voto para “dar uma lição” ao primeiro-ministro, que apontou como principal adversário nas eleições europeias, acusando o candidato socialista Pedro Marques de “fugir à rua”.

Rangel, que de manhã em Vila do Conde pediu “cartão amarelo” ao Governo nas eleições europeias, reforçou este dominho à noite o apelo para “dar um cartão amarelo forte, quase laranja” ao Governo do PS e à sua “herança”, dizendo não ter medo de falar do país.

Considerando que o dia 26 de maio – eleições – será “o ponto de viragem” para os sociais-democratas, Paulo Rangel considerou “fundamental dar uma lição a António Costa depois de tudo o que fez na governação”, dando como exemplos “o recorde de carga fiscal”, que disse ser a “mais alta desde Afonso Henriques” e os cortes no investimento público.

“De nada nos vale ter mais 10 euros ou 20 por mês se a nossa consulta é adiada seis meses, se a nossa cirurgia é adiada sem data, se o Serviço Nacional de Saúde é todos os dias maltratado e posto de parte. E a ministra da saúde se tivesse consciência do seu papel já há muito se tinha demitido”, considerou.

O cabeça de lista do PSD às eleições ao Parlamento Europeu discursava num jantar em Penafiel, que de acordo com a organização reuniu “mais de duas mil pessoas”, e perante as quais se afirmou “absolutamente convicto” de que os sociais-democratas vão “ganhar as eleições europeias”. No início do seu discurso, Paulo Rangel começou por avisar que o PSD não se deixa “intimidar ou ameaçar” pela forma “como o PS tratou os assuntos políticos na última semana”.

“E não fazemos porque ao contrário do PS e dos seus candidatos às europeias nós não fugimos à rua e não fugimos ao contacto com as populações”, declarou, observando que só na sexta-feira Pedro Marques irá ter “um encontro com a população” e que até agora esteve sempre “em espaços protegidos e fechados”.

Paulo Rangel acusou Pedro Marques de não esclarecer se na campanha fala como ex-ministro, se fala como candidato ao Parlamento Europeu ou se fala como “protocandidato à Comissão Europeia” e de fazer “uma candidatura falsa”.

“E é por isso mesmo que o PS não leva a sério esta candidatura, em que num comício não houve uma única referência ao cabeça de lista durante quatro ou cinco discursos, toda a gente ignorou a sua presença, porque o PS tem um candidato que é virtual que não foi às eleições para as disputar mas para fazer as vezes de António Costa que ele sim é o adversário nestas eleições”, declarou.

Rangel sublinhou que o PSD não quer nesta campanha eleitoral “desviar ou transfigurar” as eleições europeias em nacionais mas advertiu que o PSD também “não tem medo do teste e do desafio de António Costa que é falar da realidade nacional”.

Antes de Rangel, foi o presidente da câmara de Penafiel, Antonino Vieira de Sousa, ex-militante do CDS-PP que recebeu no momento o cartão de militante do PSD, a apresentar razões locais para o voto na lista do PSD nas europeias. “Foi Pedro Marques que, quando tínhamos IC35 preparado para ser adjudicado, suspendeu-o e meteu-o na gaveta, prejudicando a nossa região”, disse.

PS, “uma ponte para o extremismo de esquerda”

O líder do PSD, Rui Rio, esteve também no jantar-comício em Penafiel, que marcou o arranque da campanha oficial do PSD às Europeias. Depois de Rangel, Rio discursou, apontando duras críticas ao PS e ao atual Governo de António Costa.

“O PSD é uma ponte para a moderação e democracia enquanto o PS pode combater o extremismo de direita, mas não combate o extremismo de esquerda. O PS é uma ponte para o extremismo de esquerda”, acusou.

Rio voltou a referir-se à crise política da semana passada, dizendo ser tempo de voltar à campanha que “o primeiro-ministro quis evitar com um golpe de teatro”. O presidente social democrata lamentou que António Costa tenha dito, na recente crise dos professores, que “não fica admirado com a irresponsabilidade financeira do PS e do BE”.

“Mas então os parceiros que ele escolheu são alguém em quem ele não tem confiança em termos de responsabilidade financeira? Podia ter dito no princípio de legislatura”, criticou.

Numa intervenção com algumas interrupções devido a problemas de voz – foi socorrido com um copo de água -, o líder social-democrata frisou que o PSD “não tem medo de mostrar” o seu cabeça de lista às europeias. “Ao contrário do PS que procura esconder o seu candidato, procuramos fazer o contrário, mostrar toda a nossa lista”, afirmou.

Foi Rio – e não Rangel – quem apontou algumas prioridades do manifesto do PSD às eleições europeias, mas o presidente do PSD fez também questão de aceitar o repto do primeiro-ministro para nacionalizar as eleições.

“O senhor primeiro-ministro pediu aos portugueses que, nesta eleição, fizessem uma avaliação daquilo que é a política do Governo. Pois bem, têm os portugueses a oportunidade de olhar para a política do Governo e dizerem-me se querem assim ou se querem diferente ou se querem melhor”, desafiou.

Como exemplos da governação socialista, Rui Rio apontou o aumento das listas de espera na saúde ou a redução dos profissionais desta área das 40 para as 35 horas de trabalho semanal “quando não havia condições para fazê-lo”.

“Quando enchem a boca com a Constituição da República e com a Lei de Bases da Saúde, não estão a cumprir a Constituição”, acusou, dizendo que se 2,7 milhões de portugueses têm seguro de saúde privado é porque o setor público não tem cumprido a sua função.

Os atrasos na concessão das reformas, a “injustiça territorial” da medida dos passes sociais ou a colocação de “familiares e amigos” no aparelho do Estado foram outros exemplos do que Rio considera ser a governação do PS. “O PS segue esta máxima: primeiro a família, depois o PS e só depois Portugal”, acusou.

Outra razão para votar no PSD, defendeu, seria a diferença da sua lista europeia, reiterando que esta “não é uma prateleira dourada de antigos governantes do PS, do governo do engenheiro Sócrates e do governo do doutor António Costa”.

“De hoje a 15 dias, os portugueses vão olhar aos argumentos que passam pelas nossas propostas europeias, pela fraca governação do PS, que passam pela falta de sentido de responsabilidade do primeiro-ministro e pela qualidade da nossa lista”, resumiu, reafirmando a ambição do PSD de vencer as europeias de 26 de maio.

ZAP // Lusa

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7 Comments

  1. Cada dia que passa vejo a política mais negra, em todos os partidos, é uma ganância ao tacho que não se entende.
    Esses tipos nem sabem o que dizem mem dizem o que sabem, chegam a criticar o que eles próprios fizeram.
    E um pouco de honestidade e verdade não vos ficava bem?
    Disparam para todo o lado e, por vezes para o seu próprio pé, coisa feia.
    Cambada de gente mal formada, excepto para enganar o próximo, aí estão muito bem formados, e são todos catedráticos, não escapa um.
    Um dia, quando sentir honestidade e empenho para melhorar algo que não sejam eles próprios, eu irei votar efectivamente, até lá continuarei a votar nulo.

  2. Pedir é fácil. Vamos a ver se não é o Rangel, o rio e o PSD a levarem um cartão vermelho. Pelo meu lado estou á espera que os partidos digam o que vão fazer em relação á NATO, o meu voto e principalmente anti NATO e anti EUA. Porque como português e europeu não quero ficar associado ao terrorismo que esta organizacao tem feito, aliás, neste momento a NATO é tudo menos defensiva, e nota-se pelas movimentações militares no leste europeu ao provocar a Rússia para ver se está dispara primeiro, mas felizmente Putin já mostrou que é mais inteligente e cauteloso do que todos os dirigentes da NATO todos juntos. Peço aos portugueses que votem anti NATO.

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