Numa entrevista conjunta ao Público e à Renascença, Paulo Rangel disse que este não é o momento certo para ser candidato à liderança do PSD.
As eleições diretas do PSD estão marcadas para 28 de maio, com eventual segunda volta a 4 de junho. Depois de Luís Montenegro ter deixado a sua candidatura em aberto, esta quarta-feira, agora foi Paulo Rangel quem abordou a questão, adiantando que não deverá ser candidato à próxima liderança do PSD.
“Havia espaço para avançar, não tenho dúvidas, de que existia, mas tal como eu disse é um processo muito fresco, foi há quatro meses e neste momento não devo ser candidato”, disse o eurodeputado em entrevista ao jornal Público e à Renascença. “Não posso estar a candidatar-me de quatro em quatro meses”.
Rangel acredita que não é “a pessoa indicada neste momento” e que “faz sentido agora dar espaço a outros”. No entanto, isto não é “uma retirada do partido e das responsabilidades” que tem, mostrando-se disponível para colaborar com a futura liderança do partido.
“Agora poderá haver vários candidatos, mas feitas as eleições o partido, no congresso, deve dar um sinal de grande unidade e de grande disponibilidade para colaborar com aquele que os militantes escolherem. É fundamental”, disse Rangel, apelando à união interna.
Quanto às suas preferências para o próximo líder dos sociais-democratas, Paulo Rangel recusou falar em proto-candidatos, mas salientou que há “nomes muito fortes” e espera que estes apareçam.
O eurodeputado falou ainda da necessidade de não só jovens mas também pessoas de meia-idade. “É preciso voltar às universidades, às empresas”, atirou.
Questionado sobre se Rui Rio mantém legitimidade para escolher os nomes para a liderança parlamentar e para o Conselho de Estado, Rangel respondeu que sim, mas que “há muitas maneiras de fazer isso”.
“Posso dizer o que faria se fosse eu, teria em conta o carácter transitório das minhas funções, mas cada um sabe de si”, explicou.
“Santos Silva tem estado impecável”
Quanto às consequências da guerra na Ucrânia, Paulo Rangel lamentou que se tenha dado demasiado atenção à crise energética.
“Temos de dar [atenção] à crise agro-alimentar, que em Portugal está a ser um pouco disfarçada e que vai ser uma crise séria”, alertou. “Em termos de escassez não sei, mas vai haver escassez no mundo”.
Paulo Rangel elogiou ainda o trabalho do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que “tem estado impecável”.
“Na nossa gestão interna, do ponto de vista da assunção das nossas responsabilidades perante a União Europeia e a NATO, o Governo tem estado bem para não dizer muito bem, nomeadamente o ministro dos Negócios Estrangeiros. Aqui, Santos Silva tem estado impecável”, reconheceu.
No entanto, a história é outra no que toca à gestão dos impactos da crise interna. Aqui, o Governo “tem fugido a dar explicações” e não tem um discurso claro. “Tudo é muito atabalhoado”, criticou o social-democrata.
Questionado sobre o que se podia fazer para mitigar o impacto da guerra, Rangel deixou a porta aberta ao congelamento dos preços dos combustíveis — ou, pelo menos, a sua mitigação.
“Em vários países, o preço dos combustíveis foi congelado, por exemplo. Não estou a dizer que devia ser esta a medida, mas este aumento podia ser muito mais mitigado”, disse.
Parece-me boa opção apesar de considerar que havendo vários candidatos poderá haver um debate de ideias mais abrangente!