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Quem manda em Portugal? O poder está nas mãos de 166 pessoas

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141 homens e apenas 25 mulheres são os “donos disto tudo” nos últimos 13 anos. A conclusão é de um novo livro lançado pelo jornalista José Vegar com base na análise de dados do Jornal de Negócios.

O livro “Os mais poderosos de Portugal: 2010-2022” chegou às bancas nesta quinta-feira, resultando de um trabalho de Jornalismo de Dados de José Vegar.

Este profissional pegou no ranking dos “Mais Poderosos” que é elaborado pelo Jornal de Negócios desde 2010, para estudar os padrões registados.

À vista salta logo a certeza de que “as mulheres são uma minoria”, como nota o jornalista em declarações ao jornal económico.

Entre as 166 pessoas identificadas como “as mais poderosas” pela análise, há 141 homens e apenas 25 mulheres. “O poder em Portugal é quase um monopólio dos homens”, conclui o jornalista.

“Temos muitas mulheres que são profissionais de elevada competência, tanto no sector público como no privado, e os dados indicam que elas nunca conseguem reunir poder suficiente para estarem presentes na lista. Isso merece uma reflexão”, considera ainda José Vegar.

O autor do livro repara ainda que há muita diversidade no poder feminino, frisando que “temos perfis etários, socioculturais e profissionais totalmente distintos”.

Assim, a par de nomes como os de Cláudia Azevedo, CEO do grupo Sonae, e de Paula Amorim, presidente da Galp, há também figuras como Daniela Braga, fundadora da empresa de Inteligência Artificial (IA) Defined.ai, nos EUA.

“Quem decide são os políticos”

A lista dos “mais poderosos” inclui 137 portugueses e 29 pessoas de outras nacionalidades (Alemanha, Angola, Brasil e China, entre outras).

Os políticos estão em maioria na lista, representando 54% do total. São seguidos pelos gestores privados (42%).

Banqueiros (15%), empresários (11%), advogados (8%), gestores públicos (7%) e gestores em geral (5%) são as outras actividades mais representadas na lista dos poderosos, sendo que 24% pertencem a outras áreas.

“Quem tem dinheiro exerce influência, mas quem decide são os políticos“, considera, assim, José Vegar, salientando ainda que o volume de gestores de empresas públicas “mostra o peso do Estado na economia”.

“Há muito mais empresários, chefes executivos e banqueiros do que políticos no ‘ranking’”, mas “nunca os agentes económicos atingem os primeiros lugares“, acrescenta.

“A decisão executiva, em democracia, cabe sempre aos políticos”, repara ainda. E, por isso, são eles que, habitualmente, ocupam os primeiros lugares do ranking, com destaque para elementos do Governo e para o Presidente da República.

“Quem está ligado a grupos económicos que geram muito capital ou que têm muito capital, como é o caso da banca, é quase diretamente poderoso“, analisa também o jornalista.

Vegar destaca ainda o poder dos grandes escritórios de advogados pela “triangulação que fazem entre justiça, negócios e política”. E assinala a via “dos juízes e procuradores, devido aos crimes económicos e à corrupção”.

Sem cientistas, nem celebridades ou craques do desporto

Cientistas, intelectuais e figuras mais mediáticas ou do mundo do desporto “não têm lugar” na lista dos “mais poderosos”, evidencia o jornalista. Contudo, aparecem no ranking dois presidentes de clubes de futebol e um empresário de jogadores.

Isto permite perceber que “há todo um espetro que, aparentemente, tem poder em Portugal e que não tem qualquer presença” na lista, assinala Vegar, sublinhando que é preciso ajustar os critérios do ranking.

De resto, os dados recolhidos pelo Negócios não seguiram nenhum método científico. Mas o processo teve por base o “rigor” e a “transparência”, como destaca o próprio jornal.

Susana Valente, ZAP //

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