Quem é “The Black Boy”? Este museu precisa da sua ajuda

(dr) National Museums Liverpool

The Black Boy, do artista William Lindsay Windus

Há rumores de que o modelo da pintura de William Lindsay Windus foi escondido num navio para escapar da escravidão nos Estados Unidos.

Em 1844, o artista inglês William Lindsay Windus pintou o retrato de uma criança negra, vestida com roupas rasgadas, a olhar diretamente para o espectador.

The Black Boy está, desde 2007, em exibição no Museu Internacional da Escravidão, em Liverpool, mas ninguém sabe quem era esta criança.

Agora, o museu britânico está a pedir ajuda para identificar o menino, na esperança de um dia poder contar a sua história.

Para tal, os Museus Nacionais de Liverpool – que administram o Museu Internacional da Escravatura – criaram um site e um formulário Google para as pessoas enviarem todas as suas informações.

A esperança é que os descendentes de Windus ou do menino se apresentem e revelem quaisquer materiais relevantes, como documentos ou cartas, que possam estar relacionados com a Academia de Artes de Liverpool, da qual o pintor inglês foi membro na década de 1840.

Segundo a Smithsonian, esta iniciativa é financiada pela Understanding British Portraits, uma rede profissional que tem como principal objetivo melhorar o conhecimento sobre retratos em coleções de todo o Reino Unido.

As únicas informações que os historiadores possuem acerca desta obra surgem de uma listagem num catálogo de 1891, que alega que Windus conheceu a criança em frente ao Monument Hotel de Liverpool, que era administrado pela mãe do artista e onde o mesmo morava naquela altura.

De acordo com tal informação, o pintor soube que o menino era um clandestino a tentar fugir da escravidão na América e pagou à criança para fazer alguns recados. Mais tarde, o menino foi devolvido aos pais quando um parente tropeçou na pintura e o reconheceu.

Ainda assim, os historiadores são céticos em relação a esta história, alegando que é possível que Windus ou outra pessoa a tenha inventado para ajudar a vender a pintura.

The Black Boy é o único retrato pintado de uma criança negra em exibição no Museu Internacional da Escravidão e a única pintura a óleo, dedicada a esta temática, presente em toda a coleção dos Museus Nacionais de Liverpool.

Kate Haselden, que analisou ao detalhe o retrato de 180 anos, referiu que as pinturas históricas que representam sujeitos negros, como servos ou escravos, são muito mais comuns.

“Retratos de amas negras de uma só figura são muito raros”, disse, acrescentando que retratos de crianças negras são ainda mais invulgares. “Contei menos de 10 desse período nas coleções nacionais do Reino Unido. É especialmente raro ter uma pintura acabada, sensível e bem executada.”

Os raios-X revelaram que Windus – que tinha apenas 22 anos quando pintou The Black Boy, em 1844 – pintou “quatro ou cinco” outros rostos antes de tomar a decisão de escolher uma criança negra como foco de uma obra.

A especialista do Understanding British Portraits acrescentou ainda que o artista também prestou muita atenção ao tom de pele escuro da criança, dando-lhe profundidade. “Quando olhamos de perto, vemos que há rosas e vermelhos, e isso é muito raro.”

Ao retratar a criança a olhar diretamente para o espectador, Windus está a tentar invocar empatia, mas de uma forma digna e levemente conflituosa. “Ele está a fazer contacto visual direto, prendendo a nossa atenção e fazendo-nos olhar diretamente para ele.”

Ao mesmo tempo, a luz que brilha no lado direito do retrato serve para iluminar o rosto do menino e transmitir a sua inocência. “Esta obra está muito à frente de seu tempo – e realmente mostra as capacidades de Windus como pintor.”

ZAP //

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