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“Quase morri”. Um dos infetados com legionella mal consegue respirar e leva surto a tribunal

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“A culpa não há-de morrer solteira”. Quem o diz é Luís Medanha, um dos 88 infectados no âmbito do surto de legionela que proliferou por Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim. “Quase morri”, diz, anunciando que vai levar o caso a tribunal.

Durante vários dias, um surto de legionela atacou as cidades de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim sem que se encontrasse a origem do problema. Finalmente, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS/Norte) concluiu que a bactéria que origina a doença veio das torres de refrigeração da empresa Longa Vida.

Um dos infectados com a bactéria, Luís Medanha, revela ao Jornal de Notícias (JN) que esteve “quase do lado de lá”, com uma “pneumonia por legionela”, e diz que levar o caso a tribunal.

Estive quase a morrer. Não vou deixar passar em branco”, salienta.

Luís Medanha diz que está a “reaprender a viver” e que não consegue subir dois andares sem ter que recorrer a uma das três bombas de oxigénio que se tornaram suas “fiéis companheiras”.

Antes de ter sido infectado pela bactéria, praticava desporto, desde futebol a defesa pessoal, passando por caminhadas e pesca desportiva, e agora, até numa ida à praia que fica a 500 metros e bem “devagarinho”, fica “à rasca”, como desabafa ao JN.

“Sabe o que é querer respirar e não conseguir?”, aponta, frisando que os médicos lhe disseram que tem “mazelas que podem desaparecer ou não“.

Por isso, está decidido a processar a Longa Vida e espera que outros infectados se possam juntar a ele, num processo judicial.

“Falei com alguns, mas as pessoas têm medo. Nem que vá sozinho. Se são obrigados a fazer limpeza às torres, as leis são para cumprir, seja a Longa Vida, seja quem seja. Senão, assobiam para o lado e, daqui a uns tempos, fazem o mesmo”, aponta Luís Medanha.

Não é pelo dinheiro. É pelos que morreram e pelos que, como eu, podem ficar com mazelas para a vida”, acrescenta.

Longa Vida refuta ser a origem do surto

Na semana passada, a ARS/Norte atribuiu a origem do surto de legionela às torres da Longa Vida, uma empresa do grupo Nestlé, salientando que depois de terem sido desligadas “não ocorreu nenhum novo caso”.

Mas a Longa Vida nega que haja qualquer relação entre o surto e as torres de refrigeração do seu centro de distribuição em Perafita, Matosinhos.

“A Longa Vida não recebeu nenhuma notificação, de qualquer autoridade, que a informe sobre o estabelecimento de uma correlação entre a bactéria detectada nas torres de refrigeração do seu centro de distribuição – encerradas desde 11 de Novembro – e as pessoas afectadas por este surto”, salienta a empresa num comunicado divulgado pelo JN.

ZAP //

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