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Descoberto quase-cristal formado no primeiro teste nuclear da História

Wikimedia

A Experiência “Trinity” foi o primeiro teste nuclear da história

Cientistas descobriram um quase-cristal que foi produzido no primeiro teste nuclear da História, no Novo México, Estados Unidos.

Às 05h29 do dia 16 de julho de 1945, no Novo México, os Estados Unidos escreveram mais uma página da sua história (e que mudaria o mundo para sempre), tendo levado a cabo a experiência “Trinity”, o primeiro teste nuclear de sempre.

A energia libertada, equivalente a 21 quilotoneladas de TNT, vaporizou a torre de teste de 30 metros e quilómetros de fios de cobre que a conectavam ao equipamento de gravação. A bola de fogo resultante fundiu ambos com o asfalto e a areia do deserto, surgindo um mineral chamado trinitita (também conhecido como atomsita ou vidro de Alamogordo).

Décadas mais tarde, conta o site Science Alert, cientistas descobriram um segredo num pedaço deste resíduo vítreo: uma forma rara de matéria conhecida como quase-cristal, que antes era considerada impossível.

Isto porquê? A maioria dos cristais obedece à mesma regra de que os seus átomos estão dispostos numa estrutura de rede que se repete no espaço tridimensional. Os quase-cristais quebram esta regra, ou seja, o padrão no qual os átomos estão organizados não se repete.

Sabendo que os quase-cristais só podem ser produzidos em condições extremas, uma equipa de investigadores decidiu analisar várias amostras desta trinitita, que geralmente tem um tom verde-claro.

(dr) Bindi et al., PNAS, 2021

A amostra de trinitita vermelha que contém o quase-cristal

Contudo, como também se sabe que os quase-cristais tendem a incorporar metais, o grupo decidiu focar-se numa forma muito mais rara do mineral – a trinitita vermelha (com esta tonalidade devido aos fios de cobre vaporizados incorporados nela).

Foi então que conseguiram acertar em cheio numa das amostras: um minúsculo grão de 20 lados de silício, cobre, cálcio e ferro, com uma simetria rotacional quíntupla impossível nos cristais convencionais.

“Este quase-cristal é magnífico na sua complexidade – mas ninguém pode ainda dizer porque é que foi formado desta forma”, declarou o geofísico Terry Wallace, um dos autores do estudo que vai ser publicado, a 1 de junho, na revista científica PNAS.

Segundo o mesmo site, esta descoberta representa o mais antigo quase-cristal antropogénico já conhecido e sugere que pode haver outras vias naturais para a formação de quase-cristais.

Além disso, destacam os investigadores, esta investigação também pode ajudar a perceber melhor os testes nucleares ilícitos e, assim, conter a proliferação de armas nucleares.

ZAP //

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