Gaza demoraria até 2035 para que “voltasse ao ponto em que estava antes do bloqueio de 2006”, com a indústria da construção, agricultura e pesca praticamente falidas.
Este abril assinala o sexto mês após a ofensiva lançada pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro, seguida por operações de resposta do Exército israelita que já soma mais de 33 mil mortes.
Na mira da reconstrução, as Nações Unidas e os seus parceiros acreditam ser demasiado cedo para dizer quanto custará o processo de reconstrução da Faixa, uma vez que a destruição continua. Para já, o Banco Mundial calcula um valor em torno de 17 mil milhões de euros, mas esse total cobriria os danos ocorridos apenas até ao final de janeiro deste ano.
Atividade económica
Esta semana, a instituição estimou que um milhão de palestinianos estejam sem casa. Perto de 90% das instalações de saúde foram afetadas e as escolas foram destruídas ou transformadas em locais para acolher pessoas sem abrigo.
Ainda pairam incertezas do parâmetro de sociedade de uma era pós-conflito, mas agências da ONU já definem estratégias tendo em vista esse cenário.
A economista Aya Jaafar da Organização Internacional do Trabalho (OIT) destaca que a Faixa de Gaza vivenciou uma “destruição quase completa da atividade económica em todos os setores”.
Mais de 200 mil empregos foram perdidos na região, o equivalente a 90% da força de trabalho existente antes do conflito. As perdas de rendimento atingiram 3,78 milhões de euros diários — uma queda de 80% no Produto Interno Bruto (PIB).
Os cálculos correspondentes aos valores obtidos com a venda de todos os bens e serviços juntam-se às perdas no rendimento de palestinianos que recebiam salários pelo trabalho que faziam em Israel, mas que agora vivem desempregados em Gaza.
Agricultura, manufatura e serviços
A indústria de construção, tida como uma das mais importantes da região, caiu em cerca de 96%. Semelhantes quedas acompanharam outras áreas produtivas importantes, incluindo a agricultura e o setor da manufatura e de serviços.
As poucas que empresas ainda estão em funcionamento são geralmente locais de pequena escala, incluindo padarias, empreendimentos relacionados com a alimentação e algumas farmácias.
De acordo com as estimativas da OIT, uma em cada quatro das pessoas que perderam a vida em Gaza eram homens em idade produtiva. Geralmente, as mulheres da região não trabalham.
Uma das maiores preocupações atuais é o acesso aos alimentos desde os primeiros dias do conflito. O especialista da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, AbdelHakim El Waer, disse que “muitas pessoas no norte enfrentam uma situação grave de desnutrição, fome, com parte da população classificada como sendo atingida pela fome.”
Terras agrícolas destruídas
Antes dos confrontos, Gaza tinha um robusto setor agrícola e pesqueiro, tanto para exportação como para consumo local.
Com autossuficiência parcial na produção de frutas e vegetais, a produção entrou em colapso devido aos bombardeamentos observados em todo o enclave, onde quase metade das terras agrícolas foram destruídas.
Segundo El Waer, a cadeia de abastecimento das importações do setor privado praticamente faliu.
Já o especialista da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, Rami Alazzeh, sublinhou que ainda é cedo para focar na reconstrução devido à permanência dos ataques.
Dezenas de bilhões de dólares em investimentos
De acordo com o perito, “ainda serão necessárias décadas e a vontade da comunidade internacional para financiar dezenas de milhares de milhões de dólares em investimentos para reconstruir Gaza”.
A reconstrução de habitações será mais dispendiosa, ao absorver 72% dos custos globais, seguida pela infraestrutura de serviços públicos, como a água, saúde e educação. A estimativa exclui o auxílio humanitário para manter pessoas vivas durante os próximos anos.
O Serviço de Ação contra as Minas da ONU sublinha que desativar bombas mortíferas com potencial de explodir pode levar anos.
Na hipótese de iniciar a reconstrução logo após o fim dos confrontos, com o levantamento do bloqueio israelita em vigor há 18 anos, e um possível crescimento de 10% nos próximos anos, Gaza demoraria até 2035 para que “voltasse ao ponto em que estava antes do bloqueio de 2006”.
ZAP // Onu News
O Hamas que construa de novo Gaza.
Foram os que iniciaram a destruição. Não venham com tretas que não sabiam o que ia acontecer a este povo.
Mais o povo de Gaza sabia perfeitamente o que estava a acontecer – construir tuneis por baixo de escolas e hospitais !! e permitir tal situação sem nada fazerem?? È estar a ver e nada fazer para impedir futuro conflito que iria certamente sobrar para eles. As mulheres não trabalham ?? Problemas deles que comecem a trabalhar.