O anúncio de Putin à presidência surpreeendeu… o Kremlin

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EPA/SERGEI BOBYLEV / KREMLI

Vladimir Putin

“Não deveria ter sido assim”: a candidatura à reeleição não foi uma surpresa – mas o modo de a anunciar sim.

Vladimir Putin anunciou que vai ser novamente candidato à presidência da Rússia.

O anúncio não surpreendeu ninguém? Por acaso deixou surpreendidas algumas pessoas… do Kremlin.

A candidatura à reeleição não foi uma surpresa – mas o modo de a anunciar sim.

O anúncio surgiu na sexta-feira passada, à margem de uma cerimónia de entrega de prémios que decorreu no próprio Kremlin, a cerimónia do Dia dos Heróis da Pátria.

Durante esse evento, o presidente do parlamento da auto-proclamada República Popular de Donetsk, Artem Zhoga, e pai de um dos militares, pediu a Putin para se candidatar “em nome dos habitantes de todos os territórios anexados”.

“Tem razão, agora é altura de decidir: vou candidatar-me ao cargo de presidente da Federação Russa”, disse Vladimir Putin.

O Kremlin descreveu esta resposta como uma decisão “absolutamente espontânea”. E Putin concordou.

No entanto, avisa o Meduza, não era suposto ter sido assim. Para o Governo da Rússia, não.

Aliás, poucos dias antes, a equipa à volta de Putin estava a pensar que o presidente iria anunciar a sua candidatura na próxima quinta-feira, num programa televisivo chamado ‘Linha directa com Vladimir Putin’, que serviria como balanço de 2023. Uma espécie de conferência de imprensa de fim de ano.

Mas Vladimir Putin antecipou-se e apanhou de surpresa a sua equipa, que nunca preparou este momento.

Este anúncio quebra muito o trabalho de comunicação que se estava a fazer para o tal programa televisivo.

“Na teoria, não deveria ter sido assim”, admite uma fonte do Kremlin: “O anúncio da candidatura deveria ser feito em pessoa e publicamente; não assim à pressa, de repente. Mas o presidente quis fazer à sua maneira”.

Putin teve uma motivação para fazer aquele anúncio à sua maneira: “É claro: o público na cerimónia estava ansioso, à espera. Quando um deles pergunta…”

E o momento não terá sido escolhido à sorte. O facto de estar numa cerimónia sobre os “heróis da pátria” ajudou: “Faz sentido: vejam estas conquistas, temos de confirmar que esta trajectória vai continuar”, analisa a fonte.

E os “heróis da pátria” são quase sempre militares na Rússia. Numa altura de guerra na Ucrânia, a prioridade de Putin, também encaixou.

Mas a equipa de comunicação vai continuar a trabalhar: durante a campanha eleitoral, a prioridade será apresentar projectos pacíficos. Porque muitos russos estão fartos da guerra.

As autoridades e os meios de comunicação social controlados pelo Estado receberam orientações sobre a campanha: Vladimir Putin será sempre mencionado como “o líder do país” e uma “figura de autoridade para os heróis comuns” que deu aos russos “um sentimento de orgulho pelo seu país”.

ZAP //

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