Vladimir Putin e Justin Bieber são fisicamente parecidos? Sem pensar muito, provavelmente não. Mas a resposta pode ser sim, se acha que eles têm personalidade semelhantes.
Um novo estudo sugere que as pessoas pensam que aqueles com traços de personalidade semelhantes são parecidos e vice-versa. O conhecimento da personalidade de uma pessoa pode influenciar a perceção da identidade de um rosto e enviesá-lo para identidades não relacionadas.
Trocado por miúdos é o seguinte: se acha que Putin e Bieber têm personalidades semelhantes, então eles também vão parecer-lhe visualmente mais parecidos, mesmo que não tenham qualquer semelhança física.
Justin Bieber, George W. Bush, Bill Clinton, Jimmy Fallon, Ryan Gosling, Matthew McConaughey, Bill Murray, Bill Nye, Vladimir Putin, Keanu Reeves, John Travolta e Mark Wahlberg foram algumas das figuras públicas usadas como exemplo neste novo estudo, cujos resultados foram publicados na revista científica Cognition.
“O nosso rosto é o portal de outra pessoa para os nossos pensamentos, sentimentos e intenções”, explica Jonathan Freeman, coautor do artigo, em comunicado. “Se a perceção dos rostos dos outros for sistematicamente distorcida pela nossa compreensão anterior da sua personalidade, como mostram as nossas descobertas, isto pode afetar a maneira como nos comportamos e interagimos com eles”.
Os resultados sugerem que não apenas detalhes da cara, mas também o conhecimento social anterior desempenha um papel ativo na perceção de rostos.
Para provar isto, os cientistas tiveram a ajuda de 200 voluntários, a quem lhes foram mostrados os rostos colocados lado a lado acima de uma foto de teste de um deles, explica o portal Big Think.
Os voluntários tinham que mover o cursor da imagem de teste para a imagem da pessoa correspondente o mais rápido possível. Depois, os voluntários avaliaram a probabilidade de cada uma dessas pessoas famosas ter traços de personalidade específicos.
Os resultados mostraram que os voluntários estavam inclinados a pensar que as pessoas com características semelhantes eram mais parecidas fisicamente do que aquelas com características diferentes. Os mesmos resultados verificaram-se com rostos nunca antes vistos pelos participantes.
“As nossas descobertas mostram que a perceção da identidade facial é impulsionada não apenas por características faciais, como olhos e queixo, mas também distorcida pelo conhecimento social que aprendemos sobre os outros, enviesando-o em direção a identidades alternativas, apesar do facto de essas identidades não terem qualquer semelhança física”, acrescentou Freeman.