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Psicose do Brexit. Diagnosticado primeiro caso no Reino Unido

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No Reino Unido, uma equipa de especialistas identificou o primeiro caso que dizem ser um surto psicótico devido ao Brexit. “Os eventos políticos podem atuar como fatores de stress psicológico e têm um impacto significativo na saúde mental das pessoas”, alerta o relatório médico.

Em 2016, três semanas após a saída do Reino Unido da União Europeia ter ganho o referendo do Brexit, um homem de 40 anos foi atendido no hospital, apresentando um estado psicótico agudo e preocupação profundas com o Brexit.

“Apresentava-se agitado, confuso, com pensamento desordenado. Tinha alucinações auditivas, identificações e referências erradas, paranóia e ilusões bizarras”, elenca o relatório, assinado pelo Dr. Mohammad Zia Ul Haq Katshul, do Instituto de Saúde Mental da Universidade de Nottingham.

“Durante o seu internamento na ala psiquiátrica, ele disse ter vergonha em ser britânico. Descreveu a sua família como sendo multicultural. Disse ter olhado para o mapa eleitoral, no que toca aos resultados, sobre a forma como as pessoas votaram sobre a União Europeia. E pertencer a uma circunscrição que reflete uma opinião que não é a sua”, conta o médico, citado pelo Diário de Notícias.

O médico disse ter tratado o paciente com olanzapina, um antipsicótico usado para tratar a esquizofrenia e a desordem bipolar. No relatório, o especialista refere ainda que o paciente tinha tido um episódio semelhante 13 anos antes, relacionado com stress laboral.

O homem “tinha estado sujeito a stress relacionado com o trabalho e a família antes daquele episódio e isso pode ter contribuído”. “Os eventos políticos podem atuar como fatores de stress psicológico e têm um impacto significativo na saúde mental das pessoas, especialmente daqueles que já têm predisposição para desenvolver doenças mentais”, adverte.

O relatório foi publicado no British Medical Journal e citado por vários meios de comunicação, mas não é a única evidência de que o transtorno político que se vive no Reino Unido tem afetado a saúde das pessoas.

Em junho, a psicoterapeuta Emmy van Deurzen disse ao The Guardian que muitos cidadãos comunitários têm procurado a sua ajuda, movidos por problemas de stress e ansiedade relacionados com o Brexit. Na sua clínica, recebe agora 15 cidadãos europeus por semana, quando antes recebida, durante o ano todo, no máximo 50 ou 100.

“Quase todos os cidadãos da UE no Reino Unido são afetados pelo Brexit de alguma forma. Algumas pessoas estão a sentir-se incomodadas, outras que não podem continuar aqui e outras que não conseguem lidar com ansiedade, as insónias, que têm tido ataques de pânico, sentimentos de paranóis e ideação suicida”, disse, na altura, a especialista.

No início deste ano, em declarações ao HuffingtonPost.co.ukMike Ward também já tinha afirmado que a ansiedade causada pelo Brexit é bem real. O psicoterapeuta, que tem duas clínicas no Reino Unido, afirmou que, dos pacientes que atendeu no espaço de duas semanas, metade referiu preocupações em relação ao Brexit.

Apesar de não ser a causa primária da ansiedade, pode certamente piorar sentimentos de preocupação, de falta de esperança e de ausência de controlo sobre uma situação, explica o especialista.

No referendo de 23 de junho de 2016, 52% dos eleitores britânicos votaram a favor da saída da União Europeia e 48% a favor da permanência do Reino Unido na UE. A nova data de saída é 31 de outubro, mas neste momento ainda não é possível saber se o país vai abandonar mesmo a União Europeia.

ZAP //

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2 Comments

  1. E fora da UK também existe o mesmo problema. Eu confesso que tenho sintomas de psicose do Brexit, estou esperançado que saiam sem acordo e se arrependam amargamente… Maldito chá que a nossa princesa Catarina de Bragança levou para Inglaterra.

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