“PSD livra-se de Montenegro se precisar do Chega para governar”

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Manuel de Almeida / Lusa

A ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão

“Montenegro é uma coisa, PSD é outra” — e o “não é não” pode atingir as costas do líder social-democrata depois do dia 10.

Se o PSD precisar do Chega para formar governo, irá dispensar o líder Luís Montenegro e arranjar alguém que o faça.

Quem o diz é Alexandra Leitão, coordenadora do programa eleitoral de Pedro Nuno Santos, em entrevista ao Observador, no programa “Vichyssoise”, esta quinta-feira, onde também abordou o “desgaste” no PS e o “plano de ação” do candidato socialista às eleições de 10 de março.

Se “ainda não sabemos o que é que vai acontecer nos Açores”, no continente ainda muito pode acontecer.

A socialista confessa não ter motivos para duvidar da palavra de Montenegro, que já sublinhou várias vezes que não se irá coligar com o Chega — “não é não” tem sido, resumidamente, a resposta do social-democrata a um eventual pacto.

No entanto, Leitão aponta para outro cenário provável.

“Não sabemos se a direita vai conseguir ou não governar sem o Chega, porque ainda não sabemos o que é que vai acontecer nos Açores. Diria até que com grande probabilidade só saberemos depois do dia 10, exatamente para que tudo aquilo que venha a acontecer já não possa ser utilizado como arma eleitoral”, começou por dizer a ex-ministra de António Costa, antes de entrar pelo tabu de uma eventual aliança PSD-Chega.

“Acho que a posição de Montenegro e de Bolieiro sobre essa matéria são diferentes. Isso vai rebentar depois do dia 10 quando, quando os Açores já não sejam utilizados pelo PSD como arma de arremesso contra o PS”, acredita.

“Quanto a Luís Montenegro em concreto, não tenho razões para duvidar da palavra dele. Não sei é se ele vincula a posição do seu partido, da sua totalidade, e portanto, dependendo da aritmética eleitoral depois do 10 de março, poderemos ter um cenário em que o partido tome uma decisão diferente daquela que tem sido dita por Montenegro. Acho que Montenegro é uma coisa, o PSD é outra“, confessou, antes de confirmar que acredita que o PSD se livrará do seu líder caso precise do Chega para governar.

“Só não erra quem não faz”

A ex-ministra de António Costa admitiu que Pedro Nuno ainda se encontra condicionado pelas críticas à sua impulsividade.

“Se calhar, em alguns momentos, eu seria mais assertiva” nos debates, confessa.

A coordenadora do programa socialista abordou ainda as “manchas” deixadas pelos oito anos de governação socialista — que também “sujaram” Pedro Nuno Santos. O desgaste no PS “é normal”, diz.

“São oito anos de governo. É evidente que tem que haver um desgaste. Agora, também era importante que as pessoas percebessem que há um novo ciclo no PS. Ou seja, não é preciso mudar de partido para que haja um novo ciclo”, acrescenta.

Sobre os erros que Pedro Nuno cometeu no Governo, não podia ser mais direta: “Só não erra quem não faz. Não considero que tenha havido um erro assim tão grande”.

A socialista também defendeu o novo secretário-geral do PS quando confrontada com a polémica gestão da privatização da TAP: “nunca vi, nunca ouvi, nunca ninguém me disse o que é que faria diferente em 2020, em plena pandemia, quando a decisão era binária.”

E acrescenta: “Ou se punha dinheiro na TAP ou a TAP caía. E ainda não houve nenhum partido que me dissesse: eu deixava cair, não punha lá um tostão. Acho que nem o Chega disse isto.”

E voltou a defender o programa que ajudou a elaborar num dos seus pontos mais polémicos: a avaliação de limites para os médicos que estão no SNS irem para o privado.

“Tem havido — e tenho que dizer isto sobre esta medida, mas em geral — da parte, quer da oposição, quer de muitos políticos, que não têm a mesma visão, quer de muitos comentadores, um permanente atirar de epítetos, como o Plano Quinquenal, como planificação, como sovietização, como stalinização. Que sim, tendem e querem condicionar o secretário-geral. Mas são muito injustos”, afirma.

Tomás Guimarães, ZAP //

1 Comment

  1. Com todo o respeito, e sem de forma alguma pretender ofender o atual líder do PSD pela inocente comparação, diria que Luís Montenegro está para o PSD, como o porco está para o criador.
    É alimentado, bem tratado, valorizado, com vista à sua rentabilidade.
    Na altura certa, e feita a avaliação, se se revelar rentável, é morto e substituído. Se não, é poupado e continua no cortelho, quiçá a aguardar novas negociatas.
    Quem é que desde há muito espreita o “cortelho”, todos sabemos. É alguém cujo nome, “até rima é é verdade”.
    Há anos agendado, mais tarde planeado a regua e esquadro pelo mestre, que sonsamente virá dizer que não teve nada a ver com isso.
    Lmpinho que nem osso!

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