Dirigentes e militantes sociais-democratas estão ainda divididos quanto à necessidade de os órgãos nacionais se demitirem formalmente para que se inicie um processo de eleição extraordinário.
À saída da reunião com a sua comissão política, Rui Rio faz saber que gostaria que o processo de escolha do seu sucessor estivesse concluído até ao final do primeiro semestre do presente ano, não percebendo qual a necessidade de acelerar prazos e fazer as coisas “à pressa” como aconteceu nas últimas eleições diretas e consequente congresso que legitimou a sua liderança. No entanto, e apesar de o líder justificar o seu posicionamento com a razoabilidade, muitos discordam, apontando ainda a importância da realização de um congresso extraordinário de reflexão.
Paulo Cunha, líder da distrital de Braga, considera que o calendário sugerido por Rio “é muito razoável” e diz que “não faria sentido haver diretas daqui a um mês”. Pedro Alves, líder da distrital de Viseu, tem outra visão. “Eu penso que é uma eternidade meio ano sem uma liderança”, fez saber à TSF.
O responsável político, que foi diretor de campanha de Luís Montenegro, não entende que se trate de “acelerar, mas colocar dentro dos prazos que são normais dentro do PSD, em qualquer processo eleitoral”, destacando ainda a importância de articular essas decisões com o grupo parlamentar. “Andar a arrastar um processo de escolhas e de reflexão dentro de partido é permitir que o PS e o Governo andem à solta“.
O seu homólogo de Coimbra, Paulo Leitão, concorda com a opinião, entendendo que as diretas devem ocorrer em finais de abril ou na primeira semana de Maio. “Há calendário para isso”, disse. Já Paulo Ribeiro, responsável pela distrital de Setúbal, “o partido tem que resolver com serenidade mas com alguma celeridade a questão da liderança”.
Entre os sociais-democratas há ainda outra questão que se colocam: existe a necessidade de os órgãos nacionais se demitirem formalmente para que se inicie um novo processo eleitoral antecipado? A direção de Rui Rio entende que não, mas os conselheiros nacionais consultados pelo jornal Público dizem o contrário, com base nos estatutos do partido.
Nas hostes laranjas há ainda quem defenda a realização de um congresso extraordinário de reflexão. “O PSD tem tempo e tem de saber usar esse tempo com inteligência. Em 2010, após a derrota de Manuela Ferreira Leire, realizámos um congresso extraordinário que foi muito útil”, apontou Cristóvão Norte à mesma fonte.