PSD confiante num plano de vacinação “a tempo e horas”. CDS diz que se anda a “correr atrás do prejuízo”

Manuel de Almeida / Lusa

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos (E) saúda o presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio

O presidente do PSD considerou que o plano de vacinação para a covid-19 vai ser “polémico”, mas disse acreditar que o Governo vai conseguir concluí-lo “a tempo e horas”. Já o presidente do CDS-PP pediu respostas “claras”, pois considera que o Governo anda a “correr atrás do prejuízo”.

“Eu acredito que o Governo não se vai distrair e vai conseguir, a tempo e horas, ter um plano devidamente estruturado que, repito, vai ser necessariamente polémico, não há vacinas para todos”, afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração, no Porto, da campanha de outdoors que evoca os 40 anos da morte de Francisco Sá Carneiro.

“Eu tenho consciência de que, quando tivermos acesso àquilo que vai ser o plano de vacinação, vai ser necessariamente polémico, porque não havendo para todos, tem de haver uma seleção e, portanto, vai ser necessariamente polémico”, afirmou.

Aos jornalistas, Rui Rio declarou ter informações que confirmam que a proposta da DGS não corresponde “efetivamente” ao plano de vacinação que o Governo quer levar por diante, reiterando, ainda assim, que qualquer que seja o plano, será “polémico”.

Por sua vez, o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, pediu respostas “claras” por parte do coordenador do plano de vacinação, acusando o Governo de estar a “correr atrás do prejuízo”.

“É alarmante notar que o Governo, até agora, nada fez e que arrisca-se a colocar Portugal mais uma vez na cauda da Europa na vacinação, tornando o cidadão português inferior ao cidadão alemão, espanhol, francês ou holandês que está neste momento com uma segurança e tranquilidade”, afirmou.

Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita ao Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, o presidente do CDS acusou o Governo de estar a “correr atrás do prejuízo” e a “decidir tarde demais”, o que pode “colocar em risco a vida de muitos portugueses”.

O CDS-PP requereu, hoje, uma audição parlamentar urgente do responsável pela task force que vai delinear o plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal, o ex-secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos.

Segundo Francisco Rodrigues dos Santos, o partido quer “respostas claras” e perceber qual o plano logístico para o armazenamento e a distribuição de vacinas contra a covid-19, mas também qual a estratégia para a definição dos grupos prioritários por forma a “colocar a salvo aqueles que mais precisam de ficar imunes ao vírus”.

O CDS está apreensivo dada a escassez de respostas e as mensagens contraditórias que o Governo tem dado ao nível do plano de vacinação que ainda não existe e apenas foi criada uma task force para o criar, numa verdadeira luta contra o tempo que terá apenas a duração de um mês”, salientou.

Para o presidente do CDS, este “atraso” na definição do plano de vacinação demonstra que “Portugal está a ser um país uma vez mais relapso, incompetente” e que tal pode “comprometer a salvação de vidas” numa altura em que considera fundamental “tranquilizar os portugueses”.

Somos dos últimos países da Europa a iniciar este processo, o que nos coloca como dos últimos países a ser vacinados. Queremos saber qual é o plano logístico, mas também queremos saber a estratégia”.

O Governo já veio garantir, esta sexta-feira, que a vacinação não terá qualquer limite de idade e que os idosos e doentes com comorbilidades serão uma prioridade, isto depois de a imprensa ter avançado que a DGS propõe que as primeiras pessoas a ser vacinadas sejam pessoas entre os 50 e os 75 anos com doenças graves, funcionários e utentes de lares e os profissionais de saúde envolvidos na prestação direta de cuidados.

Sobre esta questão, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, assumiu que lhe causa confusão e estranheza que os mais idosos não possam ser vacinados contra a covid-19.

“Faz-me alguma confusão que as pessoas mais idosas não possam ser vacinadas”, afirmou o bastonário durante uma conferência online sobre “Os Caminhos da Ética em Tempo de Pandemia”, promovida pela Universidade Portucalense.

Assumindo não ter lido as notícias veiculadas acerca do assunto, o bastonário da OM advertiu que a questão da vacinação “tem de ser vista com muito cuidado”, pois tem havido anúncios de várias vacinas contra a covid-19, com diferentes eficácias, mas “nunca” se ouviu falar das contraindicações nem dos efeitos colaterais.

“E isto é muito importante. Temos de perceber qual é a evidência que a nossa diretora-geral da Saúde tem para dizer, à partida, que pessoas a partir de uma determinada idade não devem ser vacinadas: se é para as proteger ou para as expor”, declarou.

Contudo, numa primeira análise, o bastonário da Ordem dos Médicos considerou “estranho” que pessoas “mais frágeis, menos resistentes e que sofrem mais com a infeção não estejam a ser protegidas”, remetendo para mais tarde uma “resposta mais concisa” sobre o assunto.

ZAP // Lusa

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