“Montenegro no colo de Ventura” e “bloco orbanista”. PS já pensa em chumbar OE2026

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Nuno Veiga / LUSA

José Luís Carneiro

Socialistas cada vez mais “amuados” com alianças do Governo com o Chega de André Ventura. “PS não tem que “se estar a pôr em bicos de pés para ser parceiro preferencial de ninguém”.

A crescente aproximação entre o Governo liderado por Luís Montenegro e o Chega, especialmente no campo da imigração e nas alterações ao IRS, pode também significar o fim da cooperação da AD com o PS, que até aqui defendia o diálogo e a viabilização dos orçamentos do Estado.

O secretário-geral do PS José Luís Carneiro avisou, em artigo de opinião publicado no Público este domingo, que o “não é não” foi quebrado. A hipótese de chumbar o Orçamento de Estado para 2026 está, pela primeira vez, em cima da mesa e a ganhar força entre os socialistas.

Carneiro acusou o Executivo de oferecer uma “inimaginável vitória política e cultural inimaginável à extrema-direita”, sublinhando os riscos de radicalização no discurso político e o agravamento do ambiente social para os imigrantes.

E as críticas não se limitaram ao conteúdo das leis. Vários dirigentes socialistas apontam também o dedo ao processo legislativo acelerado, que ignorou audições e pareceres obrigatórios, algo que José Luís Carneiro classificou como “marcha forçada” e um atentado aos direitos humanos e à Constituição.

José António Vieira da Silva foi uma das figuras socialistas indignada com o que considera uma marginalização do papel do PS no processo democrático. Acusa o Governo, em entrevista à Antena 1 e Jornal de Negócios, de “fazer uma aliança efetiva com a extrema-direita” e lembrou que o PS não tem que “se estar a pôr em bicos de pés para ser parceiro preferencial de ninguém”, cita o Público.

O deputado socialista Eurico Brilhante Dias foi mais longe ao dizer que Montenegro “tinha aterrado no colo de André Ventura”, insinuando a formação de um “bloco de matriz orbanista e radical”, em referência a um bloco radical com inspiração em Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro conhecido por políticas autoritárias (os eurodeputados do Chega fazem parte da família política dos Patriotas pela Europa, de Orbán).

Luís Montenegro rejeita as acusações de coligação formal com o Chega e lembra que não existem contratos de exclusividade.

“Acho que esses [o PS e o Chega] são os mais importantes porque obviamente são aqueles que se afiguram no contexto político-partidário como as alternativas futuras de Governo“, disse Montenegro na conferência da SIC Notícias da semana passada.

No seio do Partido Socialista, esta aproximação entre o Governo e o Chega é interpretada como uma oportunidade para o PS se libertar da obrigação tácita de viabilizar orçamentos. O silêncio público de Carneiro sobre o próximo Orçamento esconderá avaliações internas que apontam para uma crescente disposição do partido em votar contra.

ZAP //

1 Comment

  1. O PS considera que quando o Chega aprova Leis com o PSD é o PSD que se está a juntar à extrema direita, o que é falso porque o Chega não é de extrema direita, mas mesmo que fosse, o PS é um partido tremendamente falso, porque quando lhe convém alia-se à extrema esquerda e neste caso já é democracia. O PS é um dos partidos mais antidemocratas, porque não defende o Povo, mas sim os interesses do partido e deles próprios.

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