“Provocações e mentiras” sobre o Grupo Wagner passam a valer 15 anos de prisão na Rússia

State Duma / Wikimedia

Duma, a câmara baixo do Parlamento russo.

Duma, a câmara baixa do Parlamento russo.

Os deputados russos aprovaram hoje uma lei que prevê pesadas penas para quem “desacreditar” os grupos armados privados, como o Grupo Wagner, medida já aplicada relativamente ao exército russo e que visa reprimir os críticos da ofensiva na Ucrânia.

As sanções penais que punem “o facto de desacreditar as Forças Armadas da Rússia estendem-se às formações de voluntários, às organizações e às pessoas singulares que prestam assistência ao exército no cumprimento da sua missão”, indicou a Duma (a câmara baixa do parlamento russo) na sua página na Internet.

“Todos aqueles que hoje arriscam as suas vidas para garantir a segurança do país e dos cidadãos estão protegidos de provocações e mentiras” com a nova lei, afirmou o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, especificando que as “sanções serão pesadas” e que podem ir “até aos 15 anos de privação de liberdade”.

Os grupos armados privados estão no centro da postura militar da Rússia na Ucrânia.

O Grupo Wagner, com ligações ao Kremlin e que tem estado a recrutar um número significativo de mercenários nas prisões russas, está a liderar o ataque em Bakhmut, o epicentro atual dos combates no leste da Ucrânia.

No entanto, o Grupo Wagner, que atua com bastante autonomia no terreno, tem mantido nas últimas semanas relações tensas com o Estado-Maior e o Ministério da Defesa da Rússia, acusando-os de incompetência ou mesmo de traição por falta de fornecimento de munições de artilharia.

O grupo armado privado, liderado por Yevgeny Prigozhin, também está presente noutros continentes, em particular em África.

Logo após o início da ofensiva militar contra a Ucrânia, a Rússia introduziu uma série de sanções criminais para pôr cobro a qualquer forma de crítica aos militares.

Opositores de renome e cidadãos comuns foram presos, e alguns já foram julgados e condenados por críticas a Moscovo, como foi o caso do opositor Ilia Iachine, condenado em dezembro a oito anos e meio de prisão.

Outra figura da oposição russa, Vladimir Kara-Murza, está a ser julgada desde segunda-feira. Kara-Murza pode ser condenado até 25 anos de prisão, dado a acusação de alta traição por ter divulgado alegadamente “informações falsas” sobre o exército.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.231 civis mortos e 13.734 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Lusa //

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