Provas de aferição arrancam em formato digital com alunos sem Internet e escolas a pedir routers

Charlotte Kesl / World Bank

Contrato de fornecimento de Internet do Estado expirou este fim de semana. Há escolas a pedir routers emprestados aos professores para conseguirem suportar realização offline das provas, que arrancam esta segunda-feira.

As provas de aferição arrancam esta segunda-feira e as escolas ainda estão a lidar com problemas que podem afetar a realização do 5.º e 8.º ano.

As provas de Português do 8.º ano são as primeiras na fila, a realizar em formato digital, mas há alunos que, por não terem Internet, poderão enfrentar dificuldades em cumprir a tarefa.

Isto porque o contrato de fornecimento de Internet entre o Estado e os operadores expirou, a 31 de maio.

Agora, só os professores e os alunos beneficiários de ação social escolar vão continuar a ter acesso ao serviço até 31 de agosto, de acordo com um email a que a CNN Portugal teve acesso.

“Podemos estar perante um problema de falta de equidade entre alunos porque a partir de agora só os alunos de escalão A, B e C e professores é que de terão acesso aos routers. Ou seja, nos últimos dias os routers dos outros alunos foram-lhes retirados”, confessa à Renascença o presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ADAEP), Filinto Lima.

“Há alunos que não têm escalão, mas a vida deles em termos financeiros é difícil e passam por grandes necessidades. Entendemos a medida se a justificação for razões orçamentais, mas esperamos que seja só uma fase de transição e que a partir de 1 de setembro todos os alunos e todos os professores tenham acesso aos recursos digitais sem limitações”, diz à CNN.

Para se prepararem, as escolas estão a pedir routers aos próprios professores. Há também escolas que receberam queixas de encarregados de educação que dizem que o serviço de Internet foi cortado antes deste prazo limite.

Wi-Fi “pouco fiável”

A rede Wi-Fi nas escolas também continua a ser um problema. É “pouco fiável e, portanto, aquilo que se pede é que rapidamente seja colocado em todas as escolas redes fiáveis para que os professores não tenham que levar para as escolas o plano A e o plano B”, afirma o responsável.

“O plano A com recurso aos meios digitais, mas quando este falha, os professores têm que ter um truque na manga e usam um plano B que é o recurso aos métodos tradicionais, ao quadro e à esferográfica”, explica, garantindo, no entanto, que “os alunos nunca serão prejudicados.”

Se vai correr tudo bem? “Não acho”

Apesar de as provas poderem ser realizadas offline, com a opção de só depois serem carregadas no sistema, a rede das escolas pode ficar igualmente comprometida. As escolas que optem por fazer a prova offline devem criar vários servidores no próprio estabelecimento de ensino, onde serão armazenadas as provas resolvidas pelos alunos, antes de serem depois carregadas no servidor do IAVE.

“Temos de fazer a sincronização com 24 horas de antecedência e temos de carregar as provas no prazo de 12 horas após a sua realização. Se forem realizadas offline, a diferença é que os alunos, em vez de estarem ligados a um servidor de Lisboa, vão estar ligados ao servidor da escola”, explica uma responsável pelo departamento de informática de uma escola à CNN.

“E se me perguntar se acho que a rede das escolas tem condições para suportar isso e que vai correr tudo bem, eu respondo que não, não acho”, afirma.

ZAP //

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