Johann Sebastian Bach, conhecido pelas suas contribuições para a música clássica, continua a cativar o público séculos depois da sua morte.
Embora as suas composições sejam desde há muito celebradas pela sua complexidade e beleza, os matemáticos estão agora a aprofundar os meandros da música de Bach utilizando a teoria da informação para descobrir os segredos por detrás do seu génio.
Investigadores embarcaram numa missão para compreender a estrutura da música de Bach e o seu impacto na perceção dos ouvintes. Ao analisar o extenso repertório de Bach, que abrange uma gama diversificada de composições, a equipa procurou desvendar os padrões matemáticos que definem as suas composições.
Os investigadores traduziram cada composição musical numa rede de informação, em que cada nota era representada como um nó e as transições entre notas como arestas que as ligavam.
Através desta análise de rede, compararam a quantidade de informação codificada em cada composição.
Surpreendentemente, descobriram que as tocatas, caracterizadas pela sua natureza divertida e surpreendente, continham mais informações do que os corais, concebidos para ambientes como as igrejas.
Além disso, os investigadores utilizaram redes de informação para examinar a forma como os ouvintes percecionam a música de Bach. Adaptaram modelos informáticos baseados nas reações humanas a estímulos visuais para simular as reações dos ouvintes a sequências musicais.
Medindo o nível de surpresa provocado por cada transição de notas, criaram redes que representavam as expectativas presumidas dos ouvintes e compararam-nas com a estrutura real das composições de Bach.
Notavelmente, o desfasamento entre as estruturas percecionadas e reais da música de Bach foi baixo, indicando a eficácia das suas composições na transmissão de informação aos ouvintes.
Os resultados do estudo foram apresentados num artigo publicado esta semana na revista Physical Review Research.
A autora principal do estudo, Suman Kulkarni, quer agora aperfeiçoar ainda mais estes modelos, incorporando exames cerebrais reais de indivíduos que ouvem a música de Bach, colmatando a lacuna entre a complexidade musical e as respostas neurais.
“Agora gostaria de aplicar esta técnica a outros compositores, e takvez experimentar estilos de música não ocidentais”, diz Kulkarni à New Scientist.
“Esta é uma investigação importante para a compreensão da relação entre a música e o cérebro humano”, considera Randy McIntosh, investigador da Universidade Simon Fraser não ouvido no estudo, citado pela New Scientist.
“Há na neurociência um elo perdido entre as estruturas complexas como a música e a forma como o nosso cérebro reage a elas. Não basta saber as frequências. Este trabalho pode dar pistas para encontrarmos esse elo”, conclui McIntosh.