Esta semana, jornais influentes de todo o mundo publicaram um anúncio de página inteira, pago pelo Governo de Hong Kong, com o objetivo de sossegar potenciais investidores e visitantes.
“Tem sido difícil, mas vamos continuar. A economia caiu, mas vamos recuperar em força. Hong Kong continua a ser uma sociedade livre e acolhedora e os nossos fundamentos são fortes”, leu-se nos norte-americanos New York Times e no Wall Street Journal, no inglês Financial Times, no alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung e no francês Monde, entre outras publicações de referência, citados pelo Expresso.
A campanha da Região Administrativa Especial da China custou 7,4 milhões de dólares e descreveu um centro financeiro “altamente internacionalizado” e “competitivo”, um retrato de Hong Kong antes da onda de protestos, que surgiu, este ano, em quarto lugar no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas.
Contudo, desde 09 de junho a região tem registado protestos antigovernamentais. Na mobilização do dia 16 de dezembro, estimou-se a presença dois milhões de pessoas, sendo a população total 7,5 milhões.
Os protestos, que começaram pacíficos, passaram à violência, provocando já dois mortos. Os manifestantes já invadiram o Conselho Legislativo (LegCo, o Parlamento local), usaram estações de metro para batalhas campais com a polícia, paralisaram o aeroporto internacional e levaram à suspensão das aulas no campus universitário.
Em fevereiro, Carrie Lam, líder do Executivo, propôs uma nova lei da extradição. Ao prever que cidadãos de Hong Kong fossem levados e julgados na China continental, permitia a interferência de Pequim no sistema judicial, levando ao primeiro grande protesto a 09 de junho. Apesar das manifestações, o diploma só foi retirado a 23 de outubro.
De acordo com o Expresso, os manifestantes exigem agora uma investigação independente à atuação da polícia, uma amnistia para os manifestantes presos, a reformulação do discurso das autoridades para quem os protestos são “motins” e a eleição do chefe de Governo por sufrágio direto e universal.
Hong Kong tem Parlamento e Governo próprios, mas o povo só elege metade dos 70 deputados do LegCo e os conselheiros distritais. O chefe do Governo é escolhido por um colégio eleitoral.