Sucedem-se os protestos contra as alterações climáticas, junto a obras de arte. “A arte é o problema?”.
Nas últimas semanas apareceu uma nova moda: protestos contra as alterações climáticas e combustíveis fósseis, marcados por vandalismo em obras de arte.
O mais recente decorreu hoje, sexta-feira, na Noruega: o quadro “O Grito”, de Edvard Munch, foi o alvo – com cola – de três activistas do grupo ambientalista Stopp Oljetinga.
Este momento surge dois dias depois de, na Austrália, outros activistas também se terem colado à obra de Andy Warhol, “Campbell Soup”.
No final de Outubro, nos Países Baixos, tentaram vandalizar o quadro “Rapariga com Brinco de Pérola”, de Johannes Vermeer. No Reino Unido a figura de cera do rei Carlos III foi vandalizada com bolo de chocolate.
Esta sequência começou há praticamente um mês, em Londres: dois activistas do movimento Just Stop Oil atiraram sopa de tomate à famosa pintura “Girassóis” de Van Gogh.
E lançaram a questão: “O que vale mais: a arte ou a vida?”.
Críticas à atitude
“É uma pergunta que nos interpela profundamente, sobretudo por ser mesmo estúpida“, escreveu Ricardo Araújo Pereira no jornal Expresso.
Uma das activistas admitiu que a acção contra o quadro de Van Gogh foi “ligeiramente” ridícula. “Concordo: é ridícula“, escreveu Ricardo.
“A atitude, sendo assumidamente ridícula, duvido que seja capaz de persuadir alguém. Até repele as pessoas“, continuou o cronista mais tarde, na SIC.
No mesmo programa, João Miguel Tavares analisou: “Fez muito pelo marketing da Just Stop Oil, não fez grande espingarda pelo ambiente”.
Pedro Mexia acrescentou: “Qualquer pessoa que ache que arte e vida se opõem… É de um grau de primitivismo muito acentuado. Não há oposição. Temos de abdicar de uma coisa a favor da outra? Isso mostra como estas cabeças funcionam, em geral”.
Num artigo intitulado ‘Colados à treta’, Joana Amaral Dias lembrou: “Certo é que nem se sabe o que levou essas jovens a escolher o atormentado génio holandês, nem se também se preocupam com os produtos usados para colorir o cabelo de rosa, para fabricar o pega-tudo ou a tomatada em lata”.
“Garantido é que se trata de elementos radicais da agenda ambientalista, gretas do alarmismo global, cravejadas de certezas, contradições e, sobretudo, instrumentalizadas em nome de uma suposta verdade absoluta que, nas suas cabeças definitivas, justifica toda a urgência e extremismo, a aniquilação de direitos”.
“No limite, o fim da própria democracia. Acham-se superiores ao mortal“, continuou Joana, no Diário de Notícias, lançando a pergunta: “A arte é que é o problema?”
Carla Quevedo esteve irritada, na SIC: “Fiquei doida com aquilo (Van Gogh)! As duas presas, já! E eu nem percebo o que é esta coisa de se colarem ao parede. E elas não explicaram”.
Como dar credibilidade a tais atos ? . Tudo tem , menos objetividade ! . Trata-se somente de puro VANDALISMO sem nexo , que en nada enaltece a defesa do Ambiente !
A causa até pode ser boa. Utilizar estes meios não justifica.. lamentável!