Prótese para a memória parece Black Mirror — mas está mais perto do que nunca

Cientistas estão a criar uma “prótese” para a memória, cujas experiências com humanos estão a ser bem-sucedidas.

A preciosidade — mas também fragilidade — das memórias fazem delas um bem imaterial com um valor incalculável. Com a idade e o declínio da nossa capacidade cerebral, a habilidade de as reter vai diminuindo gradualmente.

E se houvesse uma espécie de uma “prótese” para a memória que melhorasse a capacidade de as pessoas reter as reminiscências do passado? Parece algo saído da ficção científica — ou um episódio de Black Mirror — mas os cientistas podem estar mais perto que nunca de conseguir alcançar precisamente isto.

Um novo estudo publicado, este mês, na revista científica Frontiers in Human Neuroscience forneceu algumas das primeiras evidências de que uma “prótese de memória” é possível em humanos.

A prótese em causa não é um dispositivo, explica o Singularity Hub, mas sim uma série de elétrodos implantados dentro do hipocampo, que codifica as nossas experiências diárias.

Olhemos para as memórias como sinais elétricos gerados por uma autoestrada neural dentro do hipocampo. Se pudermos capturar esses sinais enquanto uma pessoa está a aprender, então, em teoria, poderíamos reproduzi-las de volta ao cérebro e potencialmente intensificar essas memórias específicas.

Em testes realizados em pessoas com epilepsia, os autores mostraram que, ao reintroduzir sinais neurais que codificam um tipo de memória numa tarefa específica, conseguiram aumentar a memória em mais de 50%.

Surpreendentemente, aqueles que sofreram de perda de memória anterior evidenciaram mais melhorias com a “prótese”.

Estas primeiras experiências com humanos ainda estão numa fase embrionária, pelo que podem não se transpor para o mundo real, onde somos constantemente bombardeados com novas memórias.

Ainda assim, o estudo mostra uma forma de ajudar pessoas com demência, Alzheimer ou outras causas de perda de memória a reter pequenos bocados das suas vidas, que de outra forma poderiam perder-se no esquecimento.

Daniel Costa, ZAP //

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