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Nova proteína permite recuperar a memória e capacidade de aprender

Foi descoberta uma proteína capaz de recuperar a memória e a capacidade de aprendizagem. Esta poderá ser a base de um medicamento contra o Alzheimer e outros problemas cognitivos em humanos.

As descobertas da pesquisa norte-americana foram publicadas em março na revista Science. A droga testada – o inibidor de resposta ao stress integrado (ISRIB) – foi descoberta em 2013, após uma extensa triagem de substâncias capazes de alterar a resposta ao stress no corpo humano, evitando, dessa forma, o aparecimento de problemas cognitivos.

“O ISRIB foi isolado num rastreio de uma biblioteca de cerca de 100 mil compostos. Foi uma das 28 moléculas com potencial selecionadas pela nossa equipa”, conta Peter Walter, bioquímico da Universidade da Califórnia e principal autor do estudo ao Correio Braziliense.

Nos testes, o ISRIB não se dissolveu bem em soluções aquosas, o que fez com que os investigadores acreditassem que não seria um medicamento viável. Porém, após observações mais minuciosas, a equipa percebeu que a molécula teve uma ação mil vezes mais potente do que muitas das outras opções testadas.

Durante análises laboratoriais in vitro, mesmo a pequena quantidade de ISRIB que conseguiu penetrar nas células foi suficiente para provocar uma resposta ao stress.

Memória e aprendizagem

Os cientistas partiram então para testes em animais. Nas experiências realizadas, observaram que o ISRIB melhorou a capacidade de aprendizagem e a memória em cobaias e, através de uma técnica avançada de análise, a microscopia crioeletrénica, conseguiram perceber em detalhes como ocorreram esses benefícios.

Segundo os cientistas, uma ligação do ISRIB a oito componentes da proteína eIF2B foi a responsável pela otimização cognitiva dos ratos. A molécula, que tem a forma de uma hélice, posiciona-se dentro da eIF2B e atua como um agrafo, unindo sub-complexos idênticos da proteína.

“Vemos que o ISRIB mantém o complexo eIF2B unido, e isso pode ser suficiente para estabilizar a proteína e aumentar a sua atividade”, explica Walter.

Em resumo, os investigadores mostram que o ISRIB previne a resposta ao stress celular ao estabilizar a eIF2B. “Podemos ver com uma resolução quase atómica onde é que a droga se liga à proteína. É realmente incrível ver uma pequena molécula sob um microscópio”, ressalta Walter.

Para a equipz de cientistas, a ação desencadeada por ISRIB nas cobaias mostra o quanto a molécula tem potencial para se tornar um medicamento contra a neurodegeneração em humanos.

“Como o ISRIB aumenta a cognição na aprendizagem espacial, espera-se que este inibidor, ou algum derivado de atuação semelhante, seja útil para aliviar ou retardar algumas das disfunções cognitivas em pacientes com Alzheimer e em pacientes com outros distúrbios neurodegenerativos. Eu acredito que o ISRIB poderá ser uma terapia para muitos distúrbios cognitivos”, explica Walter.

Humanos

A partir da molécula, os cientistas norte-americanos trabalham no desenvolvimento de um medicamento que se tem mostrado promissor para a estimulação cerebral. Análises feitas em cobaias renderam resultados positivos, e os investigadores também conseguiram observar minuciosamente a ação da molécula no órgão das cobaias.

Segundo a equipa, as informações obtidas poderão ajudar na criação de um composto que servirá de base para uma droga a ser usada em humanos contra o Alzheimer e outras doença do género.

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