O presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), Bruno Matias, afirmou esta quinta-feira, após reunião com o reitor da Universidade, que as propinas poderão ser pagas mensalmente em 2015/2016, tendo sido apupado pelos estudantes à frente da reitoria.
Bruno Matias, que realizou uma reunião com o reitor, para discutir a situação de estudantes impedidos de frequentar aulas por dívidas à Universidade de Coimbra (UC), informou que, “no futuro, no máximo em 2015/2016, pode haver uma nova modalidade de pagamento da propina”, podendo esta passar a ser paga mensalmente (até ao momento era dividida em quatro prestações por ano).
Após a divulgação das conclusões da reunião com o reitor, a maioria dos estudantes presentes, que se encontravam na vigília convocada pela AAC à frente da reitoria, apupou e criticou Bruno Matias, gritando que “1100 euros são 1100 euros”, o valor aproximado da propina atual, e “propinas e Bolonha são uma vergonha”.
Além da informação relativa ao modo de pagamento da propina, o presidente da AAC sublinhou que “o reitor mostrou abertura para discutir” o problema dos estudantes com dívidas à Universidade relativas à propina.
A lei, porém, “não permite à UC” garantir que os estudantes possam frequentar o ensino superior.
Todavia, “há o compromisso de levantamento de todos as pessoas que passam por esse problema” e o agendamento de uma nova reunião, após o levantamento, “para se combater” essa mesma situação, adiantou Bruno Matias.
Agora, pretende-se perceber “como é possível contornar a lei” que impede que estudantes com dívidas à universidade possam frequentar as aulas, avançou.
Quanto aos apupos, Bruno Matias sublinhou que a vigília e a reunião serviam “apenas para discutir o problema das dívidas” e “não para discutir o valor das propinas”.
Na saída do Paço das Escolas, o presidente da AAC voltou a ser apupado, ouvindo-se estudantes a criticar Bruno Matias, por entenderem que “está a virar as costas a quem tem dívidas”.
Carolina Rocha, estudante da Faculdade de Ciências e Tecnologia, apesar de não ter apupado Bruno Matias, considerou que “a reunião não serviu para nada”, porque, apesar de as prestações serem suavizadas, “o valor das propinas é o mesmo”.
“Precisamos é de propinas mais baixas“, defendeu.
A estudante Alexandra Correia sublinhou que “ninguém ficou satisfeito com a solução”, considerando que, apesar de uma mudança no modo de pagamento das propinas, “os estudantes vão continuar a congelar as suas matrículas” por não conseguirem pagar o seu valor – 1067,85 euros.
Durante a vigília, que começou às 18:00, estudantes empunharam faixas, nas quais se podia ler: “Mais cortes para o ensino superior no Orçamento do Estado 2015, menos estudantes no ensino superior”, “Exigimos financiamento”, “Porque é que o estudante endividado é mais culpado que o Ricardo Salgado” e “Ensino superior em estado terminal”.
O movimento de professores Boicote e Cerco também esteve presente na vigília, por ser necessário “juntar forças”, frisou André Pestana, docente desempregado, referindo que era importante os docentes “mostrarem-se solidários com o movimento”.
/Lusa